A feira de Alcobaça
>> segunda-feira, agosto 22, 2005
A feira de Alcobaça
As farturas são uma constante nestas feiras. Neste caso eram deliciosas. Recomendo vivamente as farturas Cartaxo. Eles, por seu lado, recomendam o óleo Fula e a farinha Branca de Neve para bolos. De resto, quem leia este blog há muito tempo, já sabia que os melhores cozinheiros recomendam a farinha Branca de Neve.
Aqui já não se trata das farturas Cartaxo, mas adorei o pormenor da pulseirinha e do cachucho.
As farturas quentinhas, antes de serem cortadas em pedaços.
Finalmente, aqui vemos os churros. Ficaram ou não com água na boca?
Esta tem história:
Quando nos dirigimos à Conservatória do Registo de Sintra para dar entrada com o processo do casamento (em 1999 ainda numa cave, em frente à estação da CP de Sintra), fomos recebidos pelo Conservador no seu gabinete. Era um gabinete digno de um romance do Lobo Antunes. Havia pilhas de papel até ao tecto (não é uma força de expressão), não se via a secretária e apenas havia uma cadeira além da que ele ocupava. Como bom cavalheiro, deixei a nubente sentar-se, ficando eu de pé. Acontece que, além das resmas de papel e de algumas santas, havia ainda espaço para uma pequena gaiola de plástico, cujo inquilino, também de plástico, cantava alegremente cada vez que havia movimento no gabinete. A agenda do conservador era de papel e estava totalmente escrita em todos os dias que tínhamos escolhido. Ao fim de alguma negociação e persistência, lá riscou ele os nossos nomes entre outras linhas, para marcar o dia em que se deslocaria a nossa casa, para nos casar. Percebemos então porque é que este conservador é conhecido por se atrasar em média duas horas em cada casamento. Ora, estando eu de pé ao longo deste demorado processo, fui tendo que mudar de posição. Cada vez que o fazia, era brindado com um alegre chilrear do passarito de plástico. Saí de lá cheio de cãibras por tentar estar imóvel tanto tempo.
As gaiolinhas que vemos nesta imagem são precisamente iguais à do Conservador. Nunca as tinha visto à venda.
Esta banca também me despertou uma atenção especial. Fez-me lembrar a minha avó, que já se foi embora há uns anos. Na terra onde passava férias com ela, quando era miúdo, a Marmeleira do Pacheco, havia sempre ratoeiras destas por todo o lado. Levei cada entalão nos dedos até perceber como a coisa funcionava! Lembro-me, como se fosse ontem, do cheiro das arcas de cereais e das adegas onde encontravamos estes instrumentos de caçar roedores. Há memórias que não se explicam.
Além disso, também as máquinas de picar carne, com manivela, me fazem lembrar a minha avó. Em nossa casa também havia uma máquina destas, mas desde que lá entrou a 1 2 3 da Moulinex, ela foi votada ao abandono. Já a avó, embora lhe tenham oferecido a mesma Moulinex, nunca reformou a picadeira de manivela. Talvez por isso o empadão e os croquetes soubessem tão bem. A Moulinex herdei-a eu!
Como uma visita a uma feirinha de província pode disparar tantas historinhas...
Se andarem lá por perto, passem por lá, que vale a pena.
ZM
2 comments:
a riqueza é ter essas memórias...e a propósito dos ratos a das ratoeiras, também presentes na casa da minha avó materna na linda aldeia de figueira do guincho: eu lembro-me de ter encontrado uma ninhada de ratinhos acabados de nascer e de ter ficado horas a brincar com eles, e quando finalmente a minha avó me encontrou também ela ficou feliz,não tanto por ter ratos para brincar...mas porque não teve que por tantas ratoeiras nas semanas seguintes...
Obrigada por esta viagem...
que bem que me sabiam agora uns churros!!!
faz-me lembrar a nossa infancia e as nossas idas a feiras onde tinha uma certa tendencia a perder-me dos pais...Jà vivia na minha lua costumeira; andava sempre no meu mundo!...
gostaria muito de ter aì estado convosco. Obrigado pelas imagens e pelas memorias que também partilho.
beijocas
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