Kangchenjunga

>> terça-feira, maio 23, 2006



Kangchenjunga

Joao Garcia + Ivan Vallejo: SUMMIT

Portuguese Joao Garcia and Ecuadorian Ivan Vallejo summited Kangchenjunga earlier today. They are currently resting in C4, planning to get back to BC tomorrow. Read more in a previous story on MountEverest.net.


O João Garcia já tem mais um 8.000 no currículo. Podem ver mais pormenores em:
http://www.mounteverest.net
ou no site do Millennium.

PS: Mais um site sobre a expedição do Garcia: http://sic.sapo.pt/online/blogs/joaogarcia/
Pode-se lá ler:
”é por um lado uma grande solidão, mas por outro lado um grande privilégio, quando tentar o Kangchenjunga, estar sozinho na montanha. Tenho algum medo, algum respeito, mas é uma tarefa possível, e se não acreditarmos nos nossos sonhos, não sei o que poderemos fazer na vida!...”

ZM

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A Sombra do Vento

>> sexta-feira, maio 19, 2006

Acabo de ler um livro fabuloso.
Chama-se A Sombra do Vento, fala de livros, e passa-se na Barcelona da primeira metade do século XX, atravessando a guerra civil de Espanha e a Segunda Guerra Mundial.
A páginas tantas (397, na minha edição) diz:

"Bea diz que a arte de ler está a morrer muito lentamente, que é um ritual íntimo, que um livro é um espelho e que só podemos encontrar nele o que já temos dentro, que ao ler aplicamos a mente e a alma, e que estes são bens cada dia mais escassos."

Imperdível.

Bom fim-de-semana.

ZM

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Añisclo

>> segunda-feira, maio 15, 2006

Os dois espanhois com quem partilhámos a estadia no refúgio de Goriz, para ascender ao Monte Perdido não eram propriamente o cúmulo da simpatia, mas sempre conversámos alguma coisa. Falaram-nos numa garganta que se encontra ali "perto", que é a garganta do Añisclo (o nome de um dos vizinhos do Monte Perdido). Quando estive no cume, tirei-lhe uma foto.

No dia seguinte, para descansarmos um pouco as pernas, fomos dar uma vista de olhos a esta garganta.
Existe um percurso que percorre todo o interior da garganta, até um local chamado Fuen Blanca, onde também há um refúgio, mas demora-se cerca de 6 horas a chegar lá! De resto é um caminho possível para chegar ao Collado de Añisclo e daí ao Monte Perdido. Nós fizemos apenas um pequeno percurso circular, que dá para ter uma ideia do aspecto desta garganta. O pouco que vimos deixou-me água na boca para um dia desses ir lá percorrer todo o caminho.

Passam-se inúmeras pontes sobre fundos desfiladeiros e torrentes de água do degelo. O som da água está sempre presente, transmitindo simultaneamente força e serenidade.

Deve ser uma excursão fantástica ligar esta garganta a qualquer um dos outros percursos que levam ao Monte Perdido, coração do Parque Nacional.



Saímos deste pequeno percurso cheios de fome, mas não nos apetecia afastar muito daquele paraíso em busca de alimento, pelo que entrámos numa pequena aldeia vizinha, chamada Nerín. Não encontrámos lá alimento para o corpo, mas encontrámos para o espírito.
Deambulámos um pouco pela aldeia e demos com um atelier de construção de colheres de pau, cujo artesão nos recebeu com grande simpatia e simplicidade. As colheres e os outros objectos são feitos de boj (em inglês boxwood, mas não sei ainda que madeira é esta).

Ambos comprámos um exemplar para trazer de recordação. Depois de termos dito que éramos portugueses, quando já vínhamos a sair, o homem perguntou-nos se conhecíamos Dulce Pontes. Dissemos que sim. Então, com um brilho especial nos olhos pequeninos, estendeu-nos uma mão grossa e calejada, onde se liam num pequeno papel rasgado as palavras Dulce PontesPortugalFado, escritas a lápis. Disse-nos, com um sorriso infantil, que tinha estado a ouvir na rádio que soava dentro da oficina, uma entrevista com ela e que estava encantado com a música e com a cantora.
Me gusta mucho el fado…
Não posso dizer que partilhe os gostos musicais do senhor, mas senti um calor confortável por ver aquele homem, perdido numa aldeia inacessível nos Pirinéus, apaixonado por uma voz portuguesa que o éter fez lá chegar.
ZM

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Steven Holl

Descobri recentemente, no blog Histórias de Casas/, um arquitecto americano absolutamente surpreendente.
Os arquitectos portugueses tendem a seguir-se demasiado. É raro utilizarem materiais diferentes do betão habitual e a esmagadora maioria das casas começa por um paralelepipedo. Por isso me parece importante divulgar estas imagens.
O arquitecto chama-se Steven Holl. Visitem o site, que vale bem a pena.





Passem por lá.
ZM

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La Double Vie de Veronique

>> segunda-feira, maio 08, 2006

Não posso deixar de trazer aqui uma referência a um post amoroso no La Double Vie de Veronique:

"Al lector se le llenaron los ojos de lágrimas,
y una voz cariñosa le susurró al oído:
- Por qué lloras, si todo en ese libro es de mentira?
Y él respondió:
- Lo sé pero loque yo siento es de verdad."
Ángel González, 101+19 = 120 poemas

Eu sou assim, tal e qual. Tanto nos livros como no cinema, emociono-me como se vivesse de verdade o que está na tela ou no papel.
O último filme em que isso me aconteceu foi no Crash (Colisão). Há uma cena, que não vou contar com detalhe, que se passa com uma criança pouco mais velha do que a minha filha. Somos levados a pensar que ela vai ser morta com um tiro, nos braços do pai. É uma cena magistral, tipo Crónica de Uma Morte Anunciada, em que somos conduzidos, com uma tensão crescente, ao momento do tiro. Antes mesmo de acontecer o que quer que fosse, já eu estava encolhido na cadeira, a soluçar como se de facto me tivessem morto a filha. Demorei largos minutos a recuperar daquele momento. Acabei o filme lavado em lágrimas.
Gosto de saber que há mais quem seja deste clube dos choramingas.
Quanto ao Double Vie, já sabem, passem por lá.
ZM

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Monte Perdido - III

>> quinta-feira, maio 04, 2006

No dia seguinte, dia 25 de Abril de 2006, pela fresquinha, tomámos o pequeno almoço, lavámos os dentes com gelo líquido e arrancámos em direcção ao cume, esperando que a temperatura levasse algumas horas a subir.

Esta é a única imagem que tenho do Tiago na neve, porque alguns metros acima ele viría a desistir da subida por fadiga nas pernas. Como eu suspeitara, o excesso do dia anterior, um treino menos intenso e uma motivação menos inflamada acabaram por vencê-lo, deixando-me sozinho numa montanha que não conhecia. Felizmente tinha a outra cordada à minha frente, mas não voltei a vê-los até ao famoso lago gelado onde a ascenção verdadeiramente começa.
Até aqui, passei um longo tempo a colocar um pé à frente do outro enquanto pensava no perigoso troço final. Senti-me verdadeiramente perdido. É nestas alturas que nos damos conta da incrível dimensão das montanhas. Penso sempre nos Himalaistas, como o João Garcia, para quem o que a mim mete medo não passa de uma brincadeira de crianças. Neste desporto, ao contrário do que sucede em quase todos os outros, não podemos desmontar da biciclete ou parar de correr e dizer desisto. Com as mesmas pernas com que subimos teremos que descer e não há quem nos dê garrafas de água ou nos transporte a um hospital em caso de lesão. No caso do Monte Perdido, nem sequer tinha rede de telemóvel. Se me desse uma macacoa, quando dessem pela minha falta talvez já estivesse tão teso como os robalos que tenho ali no congelador.
Para não me perder nos meandros da mente, tentei mantê-la ocupada a contar séries de 100 passos. Quando voltei a dar por isso já estava no Lago Gelado.

Neste ponto, como estava sozinho, decidi libertar-me de todo o lastro que não me faria falta. Deixei a corda, uma estaca de neve e toda a quinquilharia metálica e prossegui. Um pouco adiante, teria que superar a temivel "escupidera" (cuspideira, em português), que é um dos pontos mais negros nas estatísticas de acidentes dos Pirinéus. É um lugar onde não se podem cometer erros. Um simples tropeção, sobretudo quando não estamos encordados, como era o meu caso, tem geralmente consequências mortais.

Entretanto, um dos elementos da outra cordada também desistiu e o outro seguiu igualmente sozinho. Aqui em cima vêmo-lo a passar a "escupidera".

Nesta foto, tirada do mesmo local da anterior, mas para o lado de baixo, vemos o cilindro de Marboré (outro 3000) e uns pontinhos que são o tal moço que desistiu à última da hora e a minha mochila, que eu entretanto também abandonei. É que com cagaço da cuspideira, larguei tudo menos a máquina digital compacta, um piolet e umas barritas de cereais.


Nas duas fotos anteriores, veêm o ar com que cheguei ao cume, depois do que me pareceu um longo periodo de concentração para não cometer erros na cuspideira. Na seguinte já estou mais divertido, mas confesso que só respirei fundo quando voltei a passar aquele temível obstáculo em direcção ao Lago Gelado, que neste caso não passava de uma plataforma de neve. Quando eu aínda me dirigia para o cume do Perdido, passou por mim o outro espanhol, que já vinha de regresso. Fiquei completamente sozinho no cume de uma montanha de 3355m de altitude, mais alta do que tudo o mais que conseguia vislumbrar, com um visibilidade magnífica. Foi a mais intensa das minhas conquistas em montanha. Senti-me verdadeiramente privilegiado. Não fosse o receio de voltar a passar a armadilha da cuspideira e teria ficado ali horas sentado a contemplar aquela paisagem de luxo, dono absoluto daquele horizonte gelado. Algumas marcas na neve indicavam que não eramos os primeiros a lá chegar nos últimos dias, como nos tinha dito o guarda do Goriz, mas é verdade que muito poucos o terão feito e naquele momento, tanto quanto a minha vista alcançava, ninguém pisava uma montanha mais alta do que aquela. Os únicos cumes dos Pirinéus mais elevados do que o Perdido são (como já disse) o Aneto e o Posets, ambos muito distantes dali. O cume do Perdido, coberto de neve, é apenas uma estreita crista, mas olhar o vale de Ordesa e o resto da cadeia lá do alto é a melhor celebração da liberdade que um português poderia ter tido no dia 25 de Abril (como disse o Montanhacima, por SMS, quando lhe disse que o Perdido já estava aviado).

A descida foi feita em passo de corrida. Assim que passei a cuspideira quase corri até ao refúgio. Cheguei esgotado, aos trambolhões sobre a neve já amolecida pelo Sol, mas completamente realizado com o cume que acabara de pisar. Esta sensação cola-se-nos à pele e torna-se um verdadeiro vício.
Já no refúgio, voltámos a colocar tudo na mochila, pagámos a estadia (o jantar foi de uma qualidade fora do normal para este tipo de alojamento. Recomendo vivamente) e iniciámos de novo o percurso de regresso ao carro.

Aqui estão de novo as Clavijas, agora no sentido descendente.

Já no fundo do vale, foi difícil separar-me desta visão encantadora do mais belo cume que pisei até hoje. O Monte Perdido é o da esquerda, o outro é o Añisclo.

Este é o Gallinero, um esporão bem conhecido de quem pratica escalada em rocha.

Aqui vemos o Tozal del Mallo, outro famoso naco de rocha.

Os derradeiros passos de chegada ao carro fizeram-me sentir um escafandrista fora de água. Cada passo já me custava uma tonelada. Subir do refúgio ao cume do Perdido e regressar à Pradera no mesmo dia é um programa exigente.
Nos dias seguintes andei com um andar novo, mas feliz como um puto com um brinquedo novo.
ZM

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Monte Perdido - II

No dia seguinte, logo pela fresquinha, fomos à loja de desporto de Torla, onde fomos atendidos por uma brasileira(!), para alugar as raquetes. Na saída da loja, fomos brindados pelos deuses com o primeiro sinal de sorte desde que saíramos de casa: um belo cocó de pássaro acertou-me em cheio no forro polar. Eu estou acostumado a pisar cocós de cão por todo o lado, como se os meus sapatos tivessem um magnetismo cósmico, que me atrai inevitavelmente para os resíduos metabólicos canídeos, mas isso não costuma dar-me qualquer tipo de sorte. Agora um cocó de pássaro, isso já tem uma clara ligação ao céu e o cume que eu pretendia atingir é lá que se encontra.
Fomos de carro até à Pradera de Ordesa (coisa que não pode ser feita nos meses de Verão, em que há uma "navete" que nos leva até lá). Pusemos as volumosas mochilas às costas e arrancámos para umas previsíveis 04:30h de caminhada até ao refúgio de Goriz.
Ao contrário do Tiago (meu companheiro de aventura), eu sabia o que significa caminhar mais de 4 horas. Ele arrancou em passo acelerado e rapidamente lhe perdi o rasto. Eu, provavelmente por saber o que me esperava, doseei melhor o esforço, mantive sempre o mesmo ritmo desde o início, e fui fazendo algumas fotos, enquanto percorríamos o indescritível vale de Ordesa, carregados como mulas.


O vale de Ordesa tem origem glaciar, mas também foi escavado pelo rio Arazas, pelo que tem um fundo arredondado em algumas zonas, mas é uma garganta na sua maior parte. Nalgumas zonas, tem mais de 500m de desnível entre o fundo do vale e o topo das paredes, o que torna a paisagem absolutamente magnífica.


Eu e o Tiago voltámos a encontrar-nos no final do bosque das Faias, e seguimos juntos até à famosa "Cola de Cavallo", uma cascata gigantesca que marca o fim do vale. Daqui para a frente será necessário trepar.

Nesta imagem (acima) vemos as "Clavijas do Soaso", que são uns ferros e umas correntes que tornam mais acessível e segura uma trepada para um patamar superior ao que nos encontrávamos. Este é um recurso muito utilizado nesta zona, mas não é muito simpático para quem não esteja habituado a estas coisas da escalada. A alternativa, para quem não se sinta muito à vontade com este tipo de progressão, é um carreiro em ziguezague, que demorará mais cerca de 45 minutos a percorrer.

Aqui vemos o Tiago, com a sua pesada mochila, onde se vêem as raquetes de neve, a subir a trepada das "Clavijas do Soaso". Depois deste obstáculo, já faltava menos de uma hora para o ansiado refúgio de Goriz.

Este é o vale de Ordesa, visto do patamar acima das "Clavijas". O círculo vermelho mostra uma pessoa, no caminho que tínhamos acabado de percorrer. A escala é impressionante.

Esta é outra imagem do vale, tomada mais acima.

Finalmente, acabámos por chegar ao Goriz, onde soubemos que seríamos apenas 4 inquilinos, para além do guarda, coisa que é um verdadeiro privilégio, se tivermos em conta que no Verão este refúgio tem 80 pessoas e faz turnos para o jantar para poder suportar as pessoas que dormem em tendas ao seu redor. O Tiago, que se tinha equivocado com a lonjura do percurso chegou a Goriz bastante mais fatigado que eu, o que viria a pagar com juros no dia seguinte.
Depois de termos comido umas comidas liofilizadas que levámos de propósito para este momento entre a chegada ao refúgio e o jantar, fui testar as raquetes. Devo dizer que não fiquei lá muito confiante. Pareciam feitas de Lego. Dobravam-se como cartolina e escorregavam sobre a neve mole como uma barra de sabão azul e branco. Entretanto tomei esta imagem do refúgio, onde se pode ver o corpo das casas de banho. Nos refúgios mais altos é frequente as casas de banho serem no exterior, o que complica um bocado as coisas, mas evita que o mau cheiro atinja a zona de dormir ou de comer.

Este é um pássaro, que eu não sei identificar, mas que gostou muito dos gofres do Lidl, que estivemos a comer no terraço do refúgio.

Estas são as janelas do Goriz, mesmo antes da hora do jantar.

Estes dois caramelos, com ar de quem caminhou 04:30h com mochila às costas, somos nós dois, após o jantar.
O quarto que nos deram foi justamente o Monte Perdido, o que a somar ao tal sinal do cocó de pássaro em Torla, me deu quase a certeza de ir pisar o cume no dia seguinte. Os deuses, nestas matérias, costumam falar claro. Só é preciso saber ler os sinais.
A neve estava demasiado mole, por estarem temperaturas muito altas, o que impediu muita gente de atingir o cume desta montanha a partir de Goriz nos dias anteriores a termos chegado. Mas os sinais dos céus revelaram-se premonitórios e quando durante a noite o nervoso me fez erguer-me da cama para me dirigir aos lavabos no exterior, foi com grande alegria que vi um céu estrelado (e desfocado por ter deixado os óculos no quarto) e senti os pelos das pernas eriçarem-se de frio. Se o tempo continuasse limpo, teríamos frio e visibilidade, que eram os ingredientes que faltavam para uma conquista perfeita do meu terceiro 3000.
Mas o resto desta história fica para a terceira parte. É que tenho compromissos publicitários e tenho que garantir audiências para amanhã.
Será que os intrépidos alpinistas lusos conseguirão atingir o ansiado cume do Monte Perdido, a 3355m de altitude?
Não percam o terceiro e último episódio desta fantástica e animada aventura.
ZM

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Monte Perdido - I

>> quarta-feira, maio 03, 2006

Na semana passada estive nos Pirinéus com o objectivo de juntar mais alguns cumes com mais de 3.000m de altitude ao meu escasso currículo alpino. O Monte Perdido foi aquele que decidi escalar em primeiro lugar, por se encontrar numa zona de grande beleza natural e por ser o terceiro cume mais alto dos Pirinéus. Curiosamente tenho-os feito por ordem, escalei em primeiro lugar o Aneto (o mais alto), em segundo o Posets (o segundo) e pretendia agora conquistar o Monte Perdido.
O mau tempo que apanhámos na viagem, responsável pelos vários acidentes com que nos fomos deparando, acabou por nos atrasar e tivemos que dormir a primeira noite no vale de Tena, um pouco antes do nosso destino final, que era a povoação de Torla, junto ao vale de Ordesa. Nesta altura do ano, nos Pirinéus, uma tenda é uma nave vinda do espaço. Pelo menos nas recepções dos parques de campismo olham para nós como se tivéssemos antenas na cabeça e fossemos verde alface.
Camping Rio Ara - Torla
Na manhã seguinte chegámos finalmente a Torla, montámos a tenda no "camping Rio Ara", e fomos tentar saber como estavam as condições para a ascensão a que nos propúnhamos. Não foi fácil obter essa informação. Do refúgio ninguém respondia, os guardas florestais disseram que estava muita neve lá por cima, mas não sabiam mais nada. Só ao final do dia conseguimos finalmente falar com o guarda do refugio de Goriz, que nos disse que havia muita neve do refúgio para cima e que havia mais de uma semana que ninguém punha os pés no cume do Perdido. Decidimos ir alugar umas raquetes de neve em Torla, para aumentar as nossas chances.

O “camping” onde tínhamos a tenda fica a cerca de 1000m de altitude; o refúgio de Goriz, onde pernoitaríamos na véspera da ascensão já fica a 2165m e o cume do Monte Perdido fica a 3355m de altitude.
No dia seguinte teríamos uma longa marcha até ao refugio de Goriz (normalmente cerca de 4:30h de caminhada), pelo que fomos reconhecer a primeira parte do caminho e apreciar a extraordinária beleza do vale de Ordesa, enquanto não tínhamos as mochilas às costas.

Ainda chegámos a entrar no bosque das Faias, mas sobretudo andámos a percorrer os diversos miradores que permitem apreciar as inúmeras cascatas ao longo desta impressionante garganta. Nesta altura do ano o degelo já é muito intenso, pelo que os cursos de água se transformam em poderosas torrentes e cascatas fragorosas, que nos fazem sentir muito pequeninos.

Até aqui, não foi possível avistar de nenhum lugar o desejado cume do Monte Perdido. Talvez o seu nome venha justamente desta capacidade que tem de se esconder de onde quer que tentemos vê-lo.






O Arrumário está de volta, vivo e com saúde.
Passem por cá para conhecer o desfecho desta aventura.
ZM

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