Monte Perdido - I
>> quarta-feira, maio 03, 2006
Na semana passada estive nos Pirinéus com o objectivo de juntar mais alguns cumes com mais de 3.000m de altitude ao meu escasso currículo alpino. O Monte Perdido foi aquele que decidi escalar em primeiro lugar, por se encontrar numa zona de grande beleza natural e por ser o terceiro cume mais alto dos Pirinéus. Curiosamente tenho-os feito por ordem, escalei em primeiro lugar o Aneto (o mais alto), em segundo o Posets (o segundo) e pretendia agora conquistar o Monte Perdido.
O mau tempo que apanhámos na viagem, responsável pelos vários acidentes com que nos fomos deparando, acabou por nos atrasar e tivemos que dormir a primeira noite no vale de Tena, um pouco antes do nosso destino final, que era a povoação de Torla, junto ao vale de Ordesa. Nesta altura do ano, nos Pirinéus, uma tenda é uma nave vinda do espaço. Pelo menos nas recepções dos parques de campismo olham para nós como se tivéssemos antenas na cabeça e fossemos verde alface.
Na manhã seguinte chegámos finalmente a Torla, montámos a tenda no "camping Rio Ara", e fomos tentar saber como estavam as condições para a ascensão a que nos propúnhamos. Não foi fácil obter essa informação. Do refúgio ninguém respondia, os guardas florestais disseram que estava muita neve lá por cima, mas não sabiam mais nada. Só ao final do dia conseguimos finalmente falar com o guarda do refugio de Goriz, que nos disse que havia muita neve do refúgio para cima e que havia mais de uma semana que ninguém punha os pés no cume do Perdido. Decidimos ir alugar umas raquetes de neve em Torla, para aumentar as nossas chances.
O “camping” onde tínhamos a tenda fica a cerca de 1000m de altitude; o refúgio de Goriz, onde pernoitaríamos na véspera da ascensão já fica a 2165m e o cume do Monte Perdido fica a 3355m de altitude.
No dia seguinte teríamos uma longa marcha até ao refugio de Goriz (normalmente cerca de 4:30h de caminhada), pelo que fomos reconhecer a primeira parte do caminho e apreciar a extraordinária beleza do vale de Ordesa, enquanto não tínhamos as mochilas às costas.
Ainda chegámos a entrar no bosque das Faias, mas sobretudo andámos a percorrer os diversos miradores que permitem apreciar as inúmeras cascatas ao longo desta impressionante garganta. Nesta altura do ano o degelo já é muito intenso, pelo que os cursos de água se transformam em poderosas torrentes e cascatas fragorosas, que nos fazem sentir muito pequeninos.
Até aqui, não foi possível avistar de nenhum lugar o desejado cume do Monte Perdido. Talvez o seu nome venha justamente desta capacidade que tem de se esconder de onde quer que tentemos vê-lo.
O Arrumário está de volta, vivo e com saúde.
Passem por cá para conhecer o desfecho desta aventura.
ZM
6 comments:
Ora viva !
Então bom dia !
E ... quero saber o resto da historia !...
Beijos
Lindo mesmo... a ver pelas fotos!!!
Grande aventura!
Bjs
Bem vindo de volta. Adorei o princípio das férias. Conta o resto.
Bjs
o vale de Ordesa é uma beleza, que saudades desses passeios. Os Pirinéus são lindos!
Excelente relato como sempre e fotografias extraordinárias!
Este fim-de-semana vamo-nos fartar de escalar na maratona, ou não..?
Bjs
Gostei de ler... adorei as fotos!
Um bjo
Enviar um comentário