Relatividade
>> quinta-feira, junho 30, 2005
Albert Einstein criou uma experiência académica na qual, partindo de dois postulados, chega à conclusão que dois observadores em locais distintos vêem um acontecimento de forma radicalmente diferente.
Os postulados são os seguintes:
1 – Um observador não pode saber se está ou não em movimento, a menos que tenha referências externas ao seu sistema.
2 – Ao contrário da velocidade dos objectos com massa, a velocidade da luz é constante e independente da velocidade a que o observador se desloque relativamente à fonte.
Quanto à experiência, imaginemos um comboio que se descola a uma velocidade próxima da da luz (300.000Km/s). Lá dentro vai um observador, que de acordo com o postulado 1, a menos que olhe pela janela, não pode saber a que velocidade se desloca. A sua observação dos fenómenos tem que ser igual à que teria se o comboio estivesse parado. No meio da carruagem há uma fonte de luz que irá dar um flash. Quando a luz do flash atingir as portas, em cada extremo da carruagem, há um sistema electrónico que abre essas portas. Para o observador na carruagem a luz atingirá as portas ao mesmo tempo e estas abrem-se em simultâneo.
Há também um observador sentado no talude que vê passar o comboio a partir do exterior. Para ele a luz que sai do flash no meio da carruagem terá que ter velocidade constante, para respeitar o postulado 2, ou seja, a sua velocidade não pode somar-se à do comboio. Assim, enquanto o flash de luz caminha até chegar às portas, a carruagem avança ao seu encontro, logo a porta de trás apanha a luz enquanto a da frente lhe foge, abrindo-se primeiro a de trás e só mais tarde a da frente.
O mesmo acontecimento, visto de dois locais diferentes tem um aspecto totalmente diferente. A nossa observação depende do referencial onde estamos.
Agora perguntam os eventuais leitores que tiveram a pachorra de chegar até aqui: “mas será que a doença deste gajo é do foro psiquiátrico?”
Não, eu ainda não pirei do miolo. Lembrei-me desta experiência do Einstein, que sempre me fascinou, quando li nos blogs SaraMM e De Lisboa Com Amor, no mesmo dia, referências à forma como os homens em Portugal olham para as mulheres. Só que a Sara tinha como referencial Marrocos, onde esteve, e a Sushi Lover está ainda com o referencial a fugir para o Japão.
A Sara escreve que:
Damo-nos conta de que (afinal) somos imensamente sortudos - por haver igualdade entre os sexos, por podermos vestir o que nos apetece, por termos amigos dos dois sexos, por podermos viver com quem queremos, casando ou não casando.
No mesmo dia a Sushi Lover diz que:
Principalmente agora no Verão que, com o calor, só queremos andar de mini-saia e top e antes de abrir o armário... “este não pode ser porque há uma obra no fim da rua”, “...este é muito decotado e depois passo naquela oficina e... naaaa”, saia muito curta, calça muito justa... “querido, diz-me onde é que arrumei a burka?”.
Sim, sim, digam-me que posso ignorá-los à vontade. Por isso até já ponho o meu iPod aos gritos. Mas não posso (faz mal ao ouvido). O desconforto cola-se. É nojento. Corria à paulada todos esses anormais.
Ficamos assim a saber que um pouco de conhecimento da Teoria da Relatividade pode perfeitamente aplicar-se na leitura dos blogs.
O que dirá dos homens portugueses e seu comportamento um observador cujo referencial seja Portugal, em vez do Japão ou de Marrocos?
Desculpem a seca, mas estou de partida para férias e precisava de vos baralhar tanto as ideias que só quando chegar vos apeteça cá voltar, para não darem pela pausa.
Beijinhos, abraços e boas férias a todos.
Vão passando por cá.
ZM
PS: Abomino o modelo portuga chunga que manda piropos labregos a tudo o que mexe, sobretudo quando tem muita pela à vista ou o cabelo amarelo...