Revista Linha

>> sábado, novembro 05, 2005

Quem me lê regularmente já percebeu que um dos meus vícios é o Expresso de cada Sábado. Sem ele os fins-de-semana não seriam iguais. É com um intenso prazer que percorro os inúmeros cadernos, fazendo a triagem daquilo que vai directo para a reciclagem e do que coloco na pilha religiosamente para ir sorvendo ao longo da semana, quase sempre à hora do pequeno-almoço. Aliás aproveito para aconselhar o Expresso a fazer 2 edições, a dos que lêem publicidade e a dos que, como eu, jamais lhe tocam. Nesta época pré-natalícia poupavam toneladas de papel cada semana.
Esta semana, no entanto, havia um caderno extra que me enche de alegria. Trata-se da revista de arquitectura e design linha, cuja periodicidade não entendi ainda, mas que aparece de surpresa no meio dos outros cadernos todos, como um prémio de fidelidade. O número desta semana é seguramente o mais bem conseguido de todos até agora. Os projectos divulgados são do melhor que se faz em termos de arquitectura em Portugal.

Um deles é a "Casa de Cantelães", do Professor Júlio Machado Vaz, cujo projecto é do seu próprio filho Guilherme Machado Vaz. É um projecto magnífico, que apetece conhecer melhor. Já tinha visto algumas fotos desta casa no blog do Professor, o Murcon. A encerrar a revista vem um texto do próprio Júlio Machado Vaz, que é uma delícia. Foi também publicado no Murcon.
Outro dos projectos apresentados é a Casa de Alvite, do arquitecto Álvaro Siza Vieira, filho do outro Siza Vieira, que todos conhecemos.

Neste caso bem se pode dizer que filho de peixe sabe nadar. Este projecto é de uma beleza e de uma originalidade estonteantes. É uma casa que é toda ela uma escada gigante, que contém outra escada no seu interior e outra sobreposta a esta, na cobertura. É uma espécie de fractal arquitectónico, em betão, com volumes em socalco por uma encosta abaixo aos trambolhões, mas com vãos orientados de forma a que do interior se avistem, de degrau em degrau, as sucessivas paisagens que a circundam. "Na base desta cascata de betão, um último volume esvazia-se e assume a função de tanque (piscina)" (texto do artigo). Não tenho dúvidas de que este projecto ainda vai dar muito que falar. A este arquitecto corre-lhe talento nas veias.
O Expresso esta semana tem ainda, no caderno Espaços & Casas, uma curta abordagem a uma casa muito interessante, que foi construída aqui bem perto de onde moro. Trata-se da Casa do Alto, de Frederico Valsassina, no Banzão. É um projecto muito Mies Van Der Rohe, de uma beleza impressionante, perfeitamente integrado no pinhal e que aparece numa das reportagens fotográficas dos irmãos Sérgio e Fernando Guerra, cujo link tem estado sempre aqui nos links do Arrumário. Já tive o imenso prazer de ver esta casa ao vivo e posso garantir que é tão bela quanto os Guerra a apresentam.
Para quem gosta de arquitectura, nada melhor do que um semanário cujo director é (ainda) um arquitecto.
Boa semana.

ZM

PS: O Arrumário está de férias, por isso é que isto tem sido uma balda.

3 comments:

mr pavement 11/06/2005 12:39 da manhã  

boa sugestão.

também não entendi a periodicidade da linha. vale a qualidade do conteúdo desta edição.

cumprimentos.

Benjamim 11/06/2005 2:09 da tarde  

Já li e gostei
um abraço

montanhacima 11/07/2005 9:51 da manhã  

É por estas e por outras que nós gostamos tanto de ti.

Não é todos os dias que se é amigo de alguém que escreve um comentário como aquele que depositaste no blog do professor.

Nós somos... e cá continuaremos.

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