Benasque II
>> segunda-feira, julho 18, 2005
Na sequência do post anterior, aqui fica mais um bocadinho da história da ascensão ao monte Aneto:
Depois de um rico pequeno almoço de torradas, sumo e café com leite, colocámos a mochila às costas e fizemo-nos ao caminho. Pouco antes tinha saído igualmente um casal de eslovenos, que conhecêramos no dia anterior, e que nos haviam de acompanhar até ao cume, embora nem sempre lado a lado. O percurso inicia-se por um carreiro confortável e logo se transforma num caminho pouco definido, sobre um extenuante caos de blocos. Seguimos encostados a uma crista de rocha abrupta, até atingirmos o Portillon Inferior.
Pelo meio teríamos o enorme prazer de ver o Sol despontar, iluminando as montanhas circundantes e a neve que íamos pisando de vez em quando.
Desde aqui, seguimos primeiro por sobre a crista e logo por um caminho que a percorre pela direita até atingirmos finalmente o Portillon Superior, de onde já se avista o cume do Aneto. Levámos cerca de 2:30h até este local.
O cume do Aneto é o que se vê mais à esquerda na imagem. Parecendo estar já ali, levar-nos-ia cerca de 2 horas a atingir.
Já tínhamos subido mais de 800 m desde o ponto de partida. Agora já só faltava percorrer o glaciar do Aneto até chegarmos ao seu cume. É um longo caminho, mas já não dá tanto trabalho como a primeira parte.
Aqui vemos o Daniel sobre a parte mais alta do glaciar do Aneto. Ao fundo vemos a continuação da crista de rocha que atravessámos mais abaixo, no Portillon Superior.
4:30h depois de termos saido do refúgio da Renclusa, pisámos finalmente o cume do monte mais alto dos Pirinéus.
Tivemos o grande privilégio de ascender esta montanha num dia magnífico. A vista lá do alto é de tirar a respiração. Estamos rodeados por um mar de nuvens furado pelos cumes mais altos. Acima das nossas cabeças só temos azul. Outro aspecto em que fomos tocados pela sorte foi o facto de termos estado quase sozinhos no cume, coisa rara neste monte, que é muito procurado por ser o mais alto desta cadeia, embora um dos mais fáceis.
Depois de uma breve pausa, para recuperar o esforço e tirar umas fotos, voltámos ao mesmo percurso para regressarmos ao refúgio, onde nos esperavam as moças, que tinham ido fazer uma outra excursão mais leve, mas tão ou mais bela que a nossa.
Voltámos a passar o passo de Maomé, que dá acesso ao cume e que é o único troço desta ascensão que poderá causar alguns calafrios a quem não esteja acostumado a estas andanças.
A descida até ao refúgio, embora extremamente cansativa, fez-se em passo acelerado. Comemos uma bela sopinha para recuperar energias e água e voltámos a descer todo o caminho do refúgio até ao local da Besurta. Desta vez, eu e o Daniel apanhámos a camioneta. As pernas já não davam para mais…
Continua no próximo episódio.
ZM
6 comments:
Que bem me sabem estes relatos. Já tinha saudades.
E que bom rever o meu irmão nas tuas fotos. Obrigado!
Grande ZM, e as mudanças por dentro, aquele frenesim de estar no topo, e pelos vistos estiveram lá sem grandes multidões que é o costume.
Agora ainda falta o outro cume.
ah é verdade ...e o Perdido, ainda te falta esse.(eh, eh)
deve ser muito mais bonito do que se vê nas fotos.
Falta o ar na parte mais alta?
O cume do Aneto não chega aos 3500m de altitude. Lá em cima talvez o ar seja já um pouco mais fraquinho, mas eu não dei por isso. A partir desta altitude é que se costuma começar a sentir mal de altitude. Quando for ao Monte Branco, darei conta desse efeito.
Dá para ver e sentir, mais até, que a subida foi um êxito. Principalmente pela excelente visão no topo. É sempre bom chegar e poder apreciar a paisagem. E pelas fotos ela é deslumbrante. Foi bom rever o Daniel, pois já lá vão duas semanas. E agora só por foto se pode matar as saudades.
fotos de revista!
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