A-Dos-Eis

>> segunda-feira, julho 28, 2008

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Em A-dos-Eis, entre Magoito e Fontanelas, estão a nascer várias obras de arquitectura com uma estética interessante. Esta que aqui se mostra é a moradia gizada por Inês Lobo, de que já falei aqui.
Embora se note que está em construção, este vai ser mais ou menos o aspecto final. Sei que muitos não concordarão comigo, mas acho-a bela assim mesmo.
Contudo, tal como referi da outra vez que falei deste projecto, verifica-se que a vertente energética não foi aqui tida em conta. As casas de banho não têm janelas, os vãos de vidro não têm abertura nem são (serão?) sombreados, não parece haver qualquer isolamento térmico nas paredes. Enfim, uma moradia de classe energética H.
Provavelmente o futuro comprador disto (de resto, também à venda na Choice, por 1.580.000€) deverá igualmente comprar um Cayene Turbo S. Ambos belíssimos, mas com facturas de exploração que eu não queria ter que pagar.
No caso da moradia é mais grave, porque morar ali dentro não será sequer confortável.
Se for caso disso, peçam uma visita ao imóvel. Vão lá ver ao final da tarde. Levem roupa fresca e não digam que eu não avisei.

8 comments:

Anónimo,  7/29/2008 8:37 da manhã  

ZM, olho para esta foto (bela foto) e para esta casa (triste casa) e não lhe encontro alma nenhuma.

Nem sequer a vejo pela tal lado energético, que é aliás de enorme importância. Limito-me a não conseguir compreender como é possível encaixar na paisagem saloia do norte de Sintra uma casa destas, que não brutou do chão, antes ali foi arreada.

Não está em causa o mérito técnico da obra, que sou desqualificado para o discutir. Apenas a sua falta de essência. Mas esta é a casa objecto, na sua mais perfeita expressão.

É apenas a minha opinião.

Rui Vasco

Zé Maria 7/29/2008 9:10 da manhã  

Rui,
Neste caso não estou de acordo contigo.
Esta foto não faz justiça à casa.
De facto é uma casa bem integrada que, ao contrário do que defendes, brota efectivamente do terreno. O terreno é uma encosta suave que desce em direcção ao mar, para poente, e a casa arranca de forma elegante, com um longo muro de betão que nos conduz a vista até ao volume principal, acompanhando uma piscina muito comprida e a entrada na garagem.
Termina no alçado que se vê na foto, que para mim é muito bonito, dando um ar de ir realmente descolar do terreno e mergulhar no vale em direcção ao mar. O bloco do lado esquerdo é uma biblioteca com aquele vão de vidro muito baixo, de onde só se verá a linha do horizonte quando se estiver esparramado numa chaise longue, tranquilamente a ler, com um chapéu de livros até ao tecto.
O problema desta casa é mesmo a falta de janelas onde elas são imprescindíveis, a falta de sombreamento dos grandes panos de vidro do andar de baixo, a falta de orientação solar, a dificuldade de a arejar, a falta de luz natural de algumas zonas, a ausência de isolamento térmico exterior.
Admito que se possa não gostar da estética (aliás já previa que a maioria das pessoas não gostasse), mas não é aí que este projecto falha.
Para falar com franqueza, tenho pena que assim seja, porque era bom que uma casa destas fosse olhada como um exemplo a seguir e não como um pesadelo a evitar.
O que entristece quem gosta de arquitectura é que se possam utilizar projectos como este como pedras de arremesso contra a sua modernização. Eu acho que é importante abrir novos caminhos, mas não desta maneira.

Anónimo,  7/29/2008 10:17 da manhã  

ZM, eu sei que não gostas de prolongar discussões acerca do trabalho alheio nesta caixa de comentários, e não vou abusar da tua paciência.

Não leias nas minhas palavras uma vontade de "dizer mal" apenas por dizer mal. Aliás, nada me move contra em casa, a sua criadora ou sequer a sua escola.

O que a seguir vou escrever não tem nada a ver com esta casa:

Também eu penso que é importante a diversidade, o enriquecimento e evolução da Arquitectura, e a valorização das formas com que diferentes pensamentos se expressam naquele que é o santuário por excelência das egrégoras humanas: a habitação.

Pessoalmente sinto-me mais atraído por outro tipo de linguagens e por outro tipo de projectos, mais próximos daquela que me parece a essência humana, que é a busca do Centro.

Talvez por isso me sinta tão identificado com outras formas de pensar A Casa.

Em todo o caso penso que estamos de acordo no essencial: há que dar espaço à criação, à evolução, aos novos caminhos.

Penso apenas que devemos de facto olhar para todos os caminhos, e não apenas aqueles que na actualidade se ramificam a partir de uma mesma estrada principal, o que faz tender a criação para um modelo único e seus derivados.

Abraço
RVS

Anónimo,  7/29/2008 10:20 da manhã  

A estética é sempre discutivel, e nunca se consegue agradar a todas as pessoas. Mas tembém nunca pode ser essa a intenção de um arquitecto.
Tentar desligar da parte estética a parte técnica e construtiva não me parece correcto. Então qual seria a diferença da escultura e da arquitectura, disciplinas que se tocam em muitos aspectos mas não são iguais de maneira nenhuma. Não conheço a casa pessoalmente só através de fotografias e de relatos de um colega arquitecto. E não posso concordar que seja bela com todos os contras que apontou.
Estar na pisicna e ver os carros a passar para a garagem? A entrada principal sem protecção nenhuma? termos que estar sentados para usufruir da vista na biblioteca? Ter que passar por uma série de espaços para ir para o piso de cima?... Não me parece boa arquitectura, e não falei dos aspectos técnicos e já foram enumerados e muito bem.

Pedro Caldeira

Zé Maria 7/29/2008 10:59 da manhã  

Rui, não abusas nada. Concordo com muito do que dizes aqui.
Pedro, é verdade que esses outros aspectos que referes causam alguma estranheza. Imagino que a entrada principal venha a ter alguma protecção, mas por enquanto não está lá. A ideia de se ser "obrigado" a sentar para usufruir da vista não me parece assim tão má. Aquele espaço é pensado para as pessoas estarem sentadas e só nessa posição terão o recorte da paisagem em frente dos olhos. Acho um conceito interessante. Quanto ao fluxo de acesso aos diversos espaços, é verdade que causa alguma estranheza, mas não sei se não me habituaria facilmente.
Se calhar a Inês Lobo devia ser condenada a viver durante 2 anos nesta casa. Talvez para a próxima não desenhasse uma coisa tão aparentemente inabitável.
Obrigado pelos vossos comentários.

Anónimo,  7/29/2008 6:19 da tarde  

A primeira coisa que me saltou à vista, foi mesmo a falta de sombreamento das janelas, especialmente no andar de cima, ao meio.
Aliás, é facilmente visível na foto, pela sombra na parede interior, como o sol invade aquela divisão.
Quanto ao facto de se verem os carros a passar para a garagem, estando na piscina, se estivermos a falar do tal Cayenne, não tenho nada a opor... ;-)

Anónimo,  8/14/2008 4:31 da tarde  

concordo inteiramente com este post

todos conhecemos a história da vila savoy, o arquétipo da casa contemporânea e de toda a arquitectura... foi uma desgraça para quem lá morou, cheia de infiltrações, provocou doenças, cheia de divisões provou desavenças

a História é escrita por quem sobressai e não por quem melhor se sai

tomas 8/14/2008 4:34 da tarde  

concordo inteiramente com este post

todos conhecemos a história da vila savoy, o arquétipo da casa contemporânea e de toda a arquitectura... foi uma desgraça para quem lá morou, cheia de infiltrações, provocou doenças, cheia de divisões provou desavenças

a História é escrita por quem sobressai e não por quem melhor se sai

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