Diário da Quarentena - Dia 51

>> sábado, maio 02, 2020

Hoje não tenho mais do que uma foto para apresentar. Andei preguiçoso.

Os dois irmãos às riscas, parecem os Dalton.

A corrida de hoje foi um bocado mais longa do que tem sido habitual. Foi o "treino longo" da semana. Fui dar a volta das falésias, passando pelo Cabo da Roca e Praia da Ursa. Quando ia passar no monumento do Cabo da Roca, comecei a ouvir uns apitos da polícia e fizeram-me sinal para mudar de direcção. Só então reparei que estavam várias pessoas com fatos completos, destes de agora anti-covid, junto ao monumento. Não sei bem o que se terá passado por ali, mas lembrei-me que antes de sair para correr tinha ouvido os bombeiros daqui da aldeia a saírem em emergência. Estou desconfiado que houve cocó no Cabo da Roca esta manhã.
Depois veio um polícia na minha direcção, mas apenas para perguntar se eu estava sozinho, ao que eu anuí. Mandaram-me seguir em paz e pude assim concluír um treino de um pouco mais de hora a meia, embora sem muita distância.

Entretanto, logo de manhã, foi-me sugerido pelo Youtube o filme "Finding Joe", sobre a jornada do herói e a forma como podemos tentar encontrar o nosso propósito na vida.



É um filme muito inspirador, que me tocou profundamente. Há já muitos anos que sabia que este filme existia, mas só recentemente foi tornado acessível no Youtube. Comecei a vê-lo ainda com o pequeno-almoço e terminei depois da corrida. Recomendo vivamente a quem acredite que está ainda por revelar-se a melhor versão possível de si próprio.

Depois do almoço fomos ao Aldi, como acontece todas as semanas. Estava tudo calmo e descontraído. Continua a haver muita gente sem máscara, mas a verdade é que toda a gente está afastada e a distância é respeitada.

Finalmente, para o jantar, fiz as tais favas que descascámos ontem. Demoraram mais a cozinha do que eu antecipava, por isso comemo-las um bocado rijas. Como ficaram a apurar durante o jantar, voltei a prová-las mais tarde e já estavam óptimas. Já temos almoço para amanhã.

Nas redes sociais voltámos a ver surgir os "Calígulas de varanda" a propósito da manifestação do 1º de Maio. Já sabíamos que havia muita gente amargada com a vida, invejosa, mesquinha, medrosa, raivosa, sei lá que mais, mas estes episódios têm-lhes dado sentido de corpo e dão-lhes coragem para se exporem mais à luz do dia. Por um lado é triste constatar a quantidade de gente que funciona neste comprimento de onda, por outro é bom sabermos com o que contaremos se as coisas se complicarem no futuro, ou se tivermos que enfrentar em Portugal outro tipo de colapsos ou calamidades. Pessoalmente, faz-me mal aperceber-me da quantidade imensa de gente que funciona socialmente como os meus filhos mais novos a gerir conflitos. Estava infelizmente equivocado quanto à maturidade do povo Português.

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