Crianças, constipações e porcarias para comer.

>> domingo, abril 26, 2015

Hoje fomos acompanhar o Lourenço a um campeonato de Xadrez. Como habitualmente, foi a família toda, embora na verdade isso seja um valente sacrifício para alguns (todos?) de nós.
Ao fim de já algumas horas de lá estarmos, reparámos numa criança que comia alegremente Pringles. Deve haver poucas coisas piores para comer do que aquilo e por isso falámos entre nós do assunto. Mais tarde vimos a mesma criança comer pipocas de compra e depois gomas. Tenho ideia de ter visto dentro da mochila, a espreitar, uns Donuts também de compra. Tudo veneno, nada a que se possa chamar comida ou sequer alimentação.

O nosso Simão, também ao final de muito tempo de paciência a aturar um campeonato que se passa sentado em torno de umas peças de plástico, com iluminação artificial, concentração e silencio, deixou emergir a sua verdadeira natureza, pisou diversos cocós de cão que povoavam os passeios das imediações e acabou a lavar as botas numa grande poça de água que lhe chegava aos tornozelos. O resultado foi que ficou todo encharcado e acabou por ter que tirar botas e meias, ficando finalmente no seu estado mais natural, que é sem nada calçado.
Quando demos pela coisa, havia um sururu em torno da criança, tendo mesmo nós sido avisados de que havia um miúdo pequeno descalço, a brincar numa poça de água, que acabaria inevitavelmente no hospital Amadora Sintra a soro com uma grave pneumonia, provavelmente às portas da morte.

Não foi fácil convencer algumas pessoas de que esse é o funcionamento normal do Simão. A ideia de que uma criança descalça e molhada é o prenúncio de uma grave doença é algo que está marcado a ferro e fogo no imaginário colectivo Português. É uma coisa que já ninguém contesta nem critica, aceita-se simplesmente. Uma criança descalça a brincar, em Abril (quase Maio) numa poça de água acorda os mais dramáticos alarmes nas pessoas comuns, dando origem a reacções que podem ser relativamente violentas contra os seus cuidadores.
Felizmente, temos um trunfo de peso:
“Vamos para o quarto filho e nunca nenhum foi hospitalizado com pneumonia.”
Encolhem os ombros, como quem lida com chanfrados e deixam de nos aborrecer.

Não deixa de ser curiosa a forma como ignoram totalmente a outra criança, essa sim em verdadeiro perigo, que se “alimenta” de Pringles, pipocas, gomas e Donuts.
Se isto não está tudo do avesso, hão-de me explicar como é.

Estamos cada dia mais fora da “normalidade” no que diz respeito a educar filhos.

4 comments:

sara 4/26/2015 10:24 da tarde  

haja paciência... mas o que interessa: quarto filho???!!! muitos parabens! felicidades!

Zé Maria 4/27/2015 9:08 da manhã  

Pois é, Sara. Os filhos foram-nos invadindo a vida, quase sem darmos por isso. Hoje, claramente, a nossa missão é sermos pais a tempo inteiro. Tem sido uma experiência super enriquecedora.

Ana R.,  4/27/2015 10:14 da manhã  

Comigo passava-se o seguinte: o meu filho de 4 anos preferia correr atrás de uma borboleta em vez de fazer a aula de ginástica, que decorria no jardim da escola. E faziam-me queixa constantemente.

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