Famintos

>> sexta-feira, maio 04, 2012

Estou a ler o gigantesco "A Queda dos Gigantes", de Ken Follett, o primeiro de uma trilogia que estou ansioso por continuar (embora o próximo volume só esteja agendado para o final deste ano). Hoje, numa das minhas deslocações para o escritório de livro em riste, tropecei neste parágrafo, que achei particularmente adequado aos recentes acontecimentos:

Depois do banquete, os soldados foram convidados para se dirigirem às traseiras e consumirem os restos que a criadagem da casa não quisera: nacos de carne e peixe, vegetais frios, pães já trincados, maçãs e pêras. A comida foi depositada numa mesa de cavalete e misturada de qualquer maneira, fatias de presunto besuntadas de paté de peixe, fruta no molho da carne, pão salpicado com cinza de charuto. Não obstante, visto que tinham comido ainda pior nas trincheiras e o seu pequeno almoço à base de papas de aveia e bacalhau salgado já lá ia havia muito, serviram-se como famintos.

Isto passava-se no Outono de 1916, mais de dois anos decorridos do início da Primeira Grande Guerra. A minha mãe nasceria escassos 9 anos depois destes acontecimentos. Nada disto está assim tão longe. Às vezes parece que nos esquecemos de como chegámos aqui.

2 comments:

Rui Silva 5/04/2012 1:44 da tarde  

Pois. O Saramago referia-se à involução humana em Estocolmo, quando referia que chegamos mais depressa à lua que ao nossa próprio semelhante. É uma reflexão de que ocorre dia-sim-dia-sim.
Abraço!

CAP CRÉUS 5/05/2012 5:48 da tarde  

De facto, a malta dá tudo como garantido, esquecendo-se do que sucedeu há uns largos anos atrás, mas que na realidade não foi assim há tanto tempo...

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