Alma Verde

>> quinta-feira, outubro 19, 2006

Alma Verde é o nome de um empreendimento bioclimático, que se encontra a cerca de 10Km a Oeste de Lagos, no Algarve.
Para além da urbanização onde moro, este é o empreendimento mais "bioclimático" que vi construído em Portugal. Não quero dizer que não haja outros, mas eu que até procuro bastante informação nesta área, não conheço. Há de facto alguns outros empreendimentos que utilizam termos como ecológico e bioclimático para se publicitarem, mas raramente passam disso.

As casas da Alma Verde não têm algumas das características que considero importantes numa casa bioclimática como as paredes Trombe ou os estores de lâminas no exterior das janelas a Sul (ou em alternativa palas de sombreamento), mas têm muitas outras e algumas inovadoras como o interior das paredes em tijolo de adobe e um sistema revolucionário de "ar condicionado passivo", que vi a funcionar e que me deixou surpreendido. De resto têm uma distribuição dos espaços muito interessante, um bom aproveitamento da luz do dia (vãos grandes a Sul), áreas de duplo pé direito para promover a circulação de ar, revestimento exterior contínuo.

As paredes exteriores das casas são todas concebidas numa inteligente sanduiche que começa com uma camada de tijolo de adobe no interior - para terem massa térmica, acumulando calor e para absorverem a humidade do interior da casa - depois têm uma camada de tijolo normal de cerâmica - para transportar a humidade absorvida pelo adobe para o exterior da casa e finalmente um revestimento tipo dryvit, como o que tenho em casa, cujos benificios conheço em profundidade. Parece-me a melhor concepção de paredes que se podia inventar.
Esquema das paredes:

O telhado tem uma construção mais simples, provavelmente igualmente isolante, mas aparentemente com menos massa térmica. Todos os tectos são em madeira, o que reduz de alguma forma a massa térmica e a luz, mas dá muito conforto visual e isola bem o som.


O sistema de arrefecimento da casa consiste de um túnel subterrâneo em torno de toda a casa, por onde é forçado a passar o ar que alimenta o interior. A circulação do ar é forçada por um ventilador que gasta energia eléctrica, mas é possível (embora não implementado por enquanto) que essa energia provenha de placas fotovoltaicas, tornando-se assim um sistema de ar condicionado que efectivamente refresca a casa, sem qualquer consumo de energia eléctrica da rede. O "fresco" que se sentia a entrar pelos ventiladores era absolutamente espantoso.


O único aspecto que não me entusiasma é a estética exterior das casas. O interior é fantástico e a distribuição do espaço é muito interessante, mas o design exterior não tem nada a ver com o meu gosto pessoal. Quase todas as cozinhas são abertas para a área de refeições e para a área de estar, coisa que acho fundamental numa casa agradável. As casas de banho têm janelas, há quase sempre um family room, que é uma espécie de escritório, mas com multiplas utilizações e frequentemente há uma mezanine que pode também servir de escritório ou de sala de leitura.


Penso que este é o futuro no que diz respeito a construção, mas infelizmente ainda é um exemplo raro. Muito mais poderia ter sido feito, apesar de tudo, para tornar este empreendimento realmente bioclimático. Devia ter sido melhor aproveitada a energia solar (particularmente disponível no Algarve) tanto em paredes Trombe, como em placas solares para aquecimento de água ou fotovoltaicas. Poderia ter sido pensada uma forma de aproveitamento da água da chuva para regas de jardim e para sanitários. Em muitos países isso começa já a ser obrigatório, em Portugal não conheço um único exemplo prático deste tipo de aproveitamento. Será assim tão complicado ou caro?

Se tiverem oportunidade passem por lá que vale bem a pena e serã seguramente bem recebidos.

1 comments:

Álex 10/20/2006 2:09 da tarde  

uauuuuu! fixe o conceito!
Nem parece complicado pois não envovlve tecnologia "estranha" ou materiais difíceis de encontrar cá pelo brurgo, não?
não percebo nada destes temas mas conheço na Carrapateira um pequeno conjunto de casinhas geminadas, todas contruidas com blocos de adobe (feitos ali por uma máquina importada da Holanda); se algum outro aspecto técnico da construção é também bioecológico já não sei

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