Dead Can Dance em Madrid

>> quarta-feira, março 23, 2005



Se tivesse que escolher uma única banda para ouvir numa ilha deserta, levaria seguramente Dead Can Dance. O nome é enganador, mas o seu significado prende-se com a recuperação de música e instrumentos que se diriam mortos e aos quais eles deram vida.
Acontece que os DCD não dão concertos desde 1998. Tenho dito nos últimos anos que, se os DCD voltassem a dar um concerto, pagaria o que fosse preciso para lá ir.
No início deste ano, chegou a grande novidade: os DCD voltaram a juntar-se para uma série de concertos!



Na Segunda-feira passada fui ouvi-los a Madrid, no teatro Lope de Vega, na Gran Via.
Infelizmente não consigo descrever toda a emoção de que se revestiu este evento, para um apaixonado da banda, que julgava nunca ir ter esta oportunidade.
Confesso que, mal a Lisa Gerrard entrou no palco, antes mesmo de abrir a boca, já eu a via através de uma espessa cortina de lágrimas, que só se dissipou lá mais para o fim do concerto.



As únicas imagens de concertos que tinha na ideia são as da fabulosa série de concertos de 1993, que deu origem ao álbum e DVD Towards The Within. Nesse DVD, Lisa Gerrard diz, em entrevista:
“Because people are desperately trying to find a way of releasing themselves from this fleshy prison, they turn to you, when they see you escaping momentarily, asking how do you do it? But it is very easy. You have the ability to create a dialog to make you travel to places more beautiful than we were ever promised.”
Eu acho que esta é a essência dos DCD. Fazem-me sentir que há algo por dizer, locais por visitar, conhecimento a atingir, mistério. Por exemplo, na cantiga “The Carnival is Over”:
“Outside
The circus gathering
Moved silently along the rain swept boulevard.
The procession moved on the shouting is over
The fabulous freaks are leaving town.
They are driven by a strange desire
Unseen by the human eye.
The carnival is over.

We sat and watched
As the moon rose again
For the very first time.”




Lembro-me de, em criança, acreditar por momentos que, se a vontade fosse muita, acabaria por voar de facto. Por vezes o desejo e a fé eram tão intensos que senti realmente que tirara os pés do chão. Hoje já não creio que o possa fazer, mas a excitação que então sentia recupero-a totalmente ouvindo estas cantigas. A minha fleshy prison mantém-me bem seguro ao solo, mas a alma, essa vai realmente a locais que não podem ser vistos com os olhos do corpo.
Talvez seja por precisar tanto de desafiar as leis que nos prendem ao chão que pratico com tanto prazer um desporto que me permite elevar-me.

Quanto ao concerto propriamente dito, sejamos honestos, não foi nada que se compare com os que ficaram registados no DVD “Towards The Within”, sobretudo porque a banda que foi apresentada agora me parece bastante mais fraquinha. As figuras de Robert Perry e, sobretudo, Rónán Ó’Snodaigh, poderiam ter trazido para o palco uma energia e uma entrega que os músicos presentes nem sempre demonstraram. De Brendan Perry e Lisa Gerard, não há nada a dizer, estiveram ao seu melhor nível. A voz de Brendan traiu-o algumas vezes, mas isso só o torna mais humano.

Ainda os poderão ver em Londres, nos dias 6 e 7 de Abril. Pode ser que um dia passem por cá.

Vão vocês passando.

ZM

3 comments:

Anónimo,  3/23/2005 4:35 da tarde  

Meu lindíssimo amigo Zé,
Cada vez me surpreendes mais... pela tua beleza, pela tua pureza, pela tua sensibilidade, pela tua magia.... consegues pôr amor em todos os passos da tua vida, em toda a tua escrita.
És, de facto uma pessoa encantadora e apaixonante.
Nem sabes a alegria que tenho de ter o privilégio de te conhecer... pois infelizmente, já não há muitas pessoas com a beleza do teu interior.
Por tudo isso continuo a dizer: apesar de algumas dificuldades, que temos que passar, é tão bom viver!
Beijos da S. Capela

Anónimo,  3/23/2005 4:44 da tarde  

Meu lindíssimo amigo Zé,
Cada vez me surpreendes mais... pela tua beleza, pela tua pureza, pela tua sensibilidade, pela tua magia.... consegues pôr amor em todos os passos da tua vida, em toda a tua escrita.
És, de facto uma pessoa encantadora e apaixonante.
Nem sabes a alegria que tenho de ter o privilégio de te conhecer... pois infelizmente, já não há muitas pessoas com a beleza do teu interior.
Por tudo isso continuo a dizer: apesar de algumas dificuldades, que temos que passar, é tão bom viver!
Beijos da S. Capela

Anónimo,  3/24/2005 9:37 da manhã  

Bom...como sabes, infelizmente, não fui ao concerto, com muita pena minha, pois seria um sonho que gostaria de realizar, visto serem um dos grupos de que mais gosto e que muita gente não entende porquê.
Só te posso dizer que já estava cheia de inveja qdo disseste que os ias ver, com mais inveja fiquei, agora que os viste.
Beijos da cunhada Susana

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