Sofá em Sintra

>> quinta-feira, março 31, 2005

Quando vi este sofá, despejado junto a Nafarros, lembrei-me logo de um post que tinha visto no Montanhacima do meu amigo Daniel.

O que é triste neste caso que não é único aqui na zona, é que a Câmara de Sintra tem um serviço de recolha de lixo volumoso que é GRATUITO. Basta telefonar e já está, o lixo é recolhido sem mais delongas nem trabalhos.
Mas o povo gosta mesmo é da sensação de ir por estradas de terra batida, pela calada da noite, de luzes apagadas, como se temessem uma emboscada, largar no meio dos descampados ou junto ao cemitério de Colares os seus sofás desfeitos pelo uso, armários sem portas, esquentadores ferrujentos, sanitas e bidés quebrados e cheios de sarro castanho, tudo muito arrumadinho, como se fosse uma instalação artística.
O povo gosta mesmo é de aventura... e de arte.

Vão passando por cá.

ZM

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Um mistério

Hoje trago-vos um divertido mistério:

Como é possível que as mesmas formas, arrumadas de forma diferente aparentem ter, no seu conjunto, área total diferente? De onde vem aquele quadradinho que parece sobrar?
Um travesseiro da Piriquita para a primeira resposta certa.

ZM

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Andanças do fim de semana - II

>> terça-feira, março 29, 2005

No Sábado passado fomos com a Madalena ao Portugal dos Pequeninos. É um local simultâneamente divertido para as crianças e para os adultos. Nota-se muito o lado salazarento da coisa, fazendo lembrar a Exposição ao Mundo Português de 1940, no entanto vale bem a visita.

Ao contrário de outros locais com aquela herança, está bem mantido e muito arranjado. Por ser fim de semana da Páscoa estava carregadinho de espanhóis, como vem sendo hábito.
O Gigante
Algumas das casinhas têm zonas onde um adulto dificilmente entra. Eu, como sou fácil de arrumar, fui a todo o lado. É muito divertida esta sensação de regresso à infância, com dimensões de Gulliver.
Madalena em Liliput
Coimbra tem muito mais para ver, mas o Portugal dos Pequenitos, só por si, já paga a visita.

Vá para fora, cá dentro...

ZM

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Andanças do fim de semana

>> segunda-feira, março 28, 2005

Na Sexta-feira passada fomos jantar a um restaurante vegetariano, muito simpático, que abriu há relativamente pouco tempo, chamado Jardim dos Sentidos.

O cozinheiro deste restaurante deve ser um dos melhores de Lisboa (para o meu gosto, evidentemente), o local é muito acolhedor e os empregados (empregadas, de facto) são muito simpático(a)s. Os preços não são dos mais convidativos, mas a qualidade é compatível.
Tem uma zona de mercearia, onde se vendem produtos naturais.

Aqui ficam os contactos, para os possíveis interessados:
Restaurante Jardim dos Sentidos
Tel - 21.3423670/1

Fica na Rua da Mãe de Água, junto à praça da Alegria, do lado esquerdo de quem sobe. Não sei o número da porta.
email: jardimdosentidos@netcabo.pt

Bom apetite.

ZM

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Receitas do Carlitos - 002 - Correcções

>> quinta-feira, março 24, 2005

Para quem pretenda coleccionar as receitas do Carlitos, aqui fica a informação de que a última já foi revista e aumentada. As notas a vermelho no post As receitas do Carlitos - 002 foram acrescentadas após uma reunião de avaliação do desastre que saíram os meus quadradinhos de canela. Quando voltar a experimentar, aviso.

Boa Páscoa.

ZM

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Mais um belo blog



Os blogs são como as cerejas.
A Ana Ventura agora também tem um. Já está na minha lista de favoritos e podem vê-lo aqui -->
Ana: Adoramos as tuas maluquices.
Boa viagem. Se vires a Isabel, manda-lhe cumprimentos da minha parte.

ZM

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Crueldade

Eu, que não sou muito dado a crer em filmes que circulam na internet, fiquei chocado com este.

http://www.strasbourgcurieux.com/fourrure

Não posso garantir que seja verídico, mas custa-me a crer que seja inventado. Partindo do princípio que é real, é das coisas mais crueis que alguma vez vi. Se isto se passa assim, não percebo como é possível ainda não ter sido proibído o consumo de peles, quanto mais o comércio.
Eu não consegui ver isto até ao final, mas o que vi é tão cruel que deixo desde já aqui o aviso: se não tens estômago de aço, não cliques no link.
Desculpem este post tão deprimente, mas não consigo calar a revolta.
ZM

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Dead Can Dance em Madrid

>> quarta-feira, março 23, 2005



Se tivesse que escolher uma única banda para ouvir numa ilha deserta, levaria seguramente Dead Can Dance. O nome é enganador, mas o seu significado prende-se com a recuperação de música e instrumentos que se diriam mortos e aos quais eles deram vida.
Acontece que os DCD não dão concertos desde 1998. Tenho dito nos últimos anos que, se os DCD voltassem a dar um concerto, pagaria o que fosse preciso para lá ir.
No início deste ano, chegou a grande novidade: os DCD voltaram a juntar-se para uma série de concertos!



Na Segunda-feira passada fui ouvi-los a Madrid, no teatro Lope de Vega, na Gran Via.
Infelizmente não consigo descrever toda a emoção de que se revestiu este evento, para um apaixonado da banda, que julgava nunca ir ter esta oportunidade.
Confesso que, mal a Lisa Gerrard entrou no palco, antes mesmo de abrir a boca, já eu a via através de uma espessa cortina de lágrimas, que só se dissipou lá mais para o fim do concerto.



As únicas imagens de concertos que tinha na ideia são as da fabulosa série de concertos de 1993, que deu origem ao álbum e DVD Towards The Within. Nesse DVD, Lisa Gerrard diz, em entrevista:
“Because people are desperately trying to find a way of releasing themselves from this fleshy prison, they turn to you, when they see you escaping momentarily, asking how do you do it? But it is very easy. You have the ability to create a dialog to make you travel to places more beautiful than we were ever promised.”
Eu acho que esta é a essência dos DCD. Fazem-me sentir que há algo por dizer, locais por visitar, conhecimento a atingir, mistério. Por exemplo, na cantiga “The Carnival is Over”:
“Outside
The circus gathering
Moved silently along the rain swept boulevard.
The procession moved on the shouting is over
The fabulous freaks are leaving town.
They are driven by a strange desire
Unseen by the human eye.
The carnival is over.

We sat and watched
As the moon rose again
For the very first time.”




Lembro-me de, em criança, acreditar por momentos que, se a vontade fosse muita, acabaria por voar de facto. Por vezes o desejo e a fé eram tão intensos que senti realmente que tirara os pés do chão. Hoje já não creio que o possa fazer, mas a excitação que então sentia recupero-a totalmente ouvindo estas cantigas. A minha fleshy prison mantém-me bem seguro ao solo, mas a alma, essa vai realmente a locais que não podem ser vistos com os olhos do corpo.
Talvez seja por precisar tanto de desafiar as leis que nos prendem ao chão que pratico com tanto prazer um desporto que me permite elevar-me.

Quanto ao concerto propriamente dito, sejamos honestos, não foi nada que se compare com os que ficaram registados no DVD “Towards The Within”, sobretudo porque a banda que foi apresentada agora me parece bastante mais fraquinha. As figuras de Robert Perry e, sobretudo, Rónán Ó’Snodaigh, poderiam ter trazido para o palco uma energia e uma entrega que os músicos presentes nem sempre demonstraram. De Brendan Perry e Lisa Gerard, não há nada a dizer, estiveram ao seu melhor nível. A voz de Brendan traiu-o algumas vezes, mas isso só o torna mais humano.

Ainda os poderão ver em Londres, nos dias 6 e 7 de Abril. Pode ser que um dia passem por cá.

Vão vocês passando.

ZM

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Gonçalo Cadilhe

>> domingo, março 20, 2005

O Gonçalo Cadilhe é um daqueles cronistas de viagem que me fazem ferver o sangue com os seus textos. Escolheu uma forma de vida que muitos gostariam de ter tido a coragem de seguir. Se tivesse a certeza de que tinha várias vidas, começava já a projectar uma em que não faria mais nada além de viajar. Nesta, por força de outros objectivos que me são vitais não vou poder fazê-lo, por isso são tão importantes as crónicas do Gonçalo Cadilhe. Encontram-nas no Expresso, todas as semanas.

Actualmente o Gonçalo está num dos locais mais belos de todos os locais do mundo. Trata-se da Patagónia, com o seu clima instável e com as suas fantásticas montanhas. Werner Herzog chamou-lhes "gritos de pedra". O Cerro Torre, que vemos aqui na foto, é simultaneamente uma das mais belas montanhas do mundo e uma das mais inacessíveis.
Olhando o Fitz Roy, Gonçalo escreve:
"O "grito de pedra" provoca-me uma absurda vertigem ao contrário. Enquanto a atracção pelo abismo consiste no pensamento de se atirar para o fundo, aqui, eu luto contra o pensamento de estar lá no topo. Olhar do sopé para o cume perturba-me tanto como chegar à orla do precipício: o arrepio de horror que me percorre a espinha é idêntico."
Gonçalo falou com uma cordada que vinha de escalar o Cerro Torre e que tinham tido a sorte de o ver iluminado pelo nascer do Sol, coisa rara naquelas paragens, devido à imensa instabilidade do clima. Perguntou a um deles:
"Como é viver na própria pedra esse milagre de luz?"
Ele respondeu, rindo:
"apetece-te beijar a montanha."
É a primeira vez que vejo alguém que não é alpinista ou escalador falar assim das montanhas.
Na crónica da semana passada, Gonçalo escreve:
"Recordo-me de um conto de Eduardo Galeano, no Livro dos Abraços, sobre o pequeno Diego, que não conhece o mar. Um dia, o pai leva-o à praia: "E foi tanta a imensidão do mar, e tanto o seu fulgor, que o menino ficou mudo de formosura. E quando por fim conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: 'Ajuda-me a olhar'".
Sei que ficarei igualmente embasbacado, no dia que vir com os meus olhos estas montanhas que o Gonçalo nos tem dado a ver.
Gonçalo: obrigado por me ajudares a olhar.

Vão passando por cá.

ZM

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As receitas do Carlitos - 002

>> sexta-feira, março 18, 2005

Tendo já recebido alguns protestos por nunca mais publicar outra receita do Carlitos, aqui vai a segunda. Desculpem lá o atraso, mas ao contrário do Sócrates, eu não prometi nada.

Quadradinhos de Canela
Ingredientes:



  • 4 ovos grandes

  • 200g de açucar branco

  • 2dl de leite completo, bem medidos

  • Canela moída

  • 250g de farinha de trigo (como se disse na receita 001, tem que ser farinha Branca de Neve, com fermento)

  • 1 colher de chá rasa de fermento em pó

  • manteiga e farinha para polvilhar o tabuleiro.


Execução:
Numa tigela, bata muito bem os ovos inteiros com o açucar, até obter uma gemada cremosa e com volume. Adicione 1 colher de café de canela e misture, sem parar de bater.
Acrescente o leite em pequenas porções e por último a farinha misturada e peneirada com o fermento (segundo o técnico, caso a farinha seja Branca de Neve com fermento, não é preciso juntar-lhe mais fermento - isto deve ser óbvio, mas eu não tinha a certeza). Bata novamente até a massa ficar macia.

Deite o preparado num tabuleiro (de lata, não pode ser um pirex!) bem untado com manteiga e polvilhado com farinha. Leve ao forno previamente aquecido (a 240 graus). Passados 20 minutos verifique se está cozido.

Deixe arrefecer, desenforme, corte aos quadrados e polvilhe com açúcar e canela.

Notas a vermelho acrescentadas posteriormente, após discussão de avaliação com o Sr. Carlitos - o técnico.

O minha primeira experiência com esta receita é a que se apresenta nestas fotos, mas não serve de exemplo para ninguém porque saíu uma desgraça. Eu achei que, como a farinha dizia que tinha fermento, não precisava de acrescentar o da receita, mas não deve ser assim. No meu caso, a massa não cresceu.





Parece que o fim de semana vai ser de chuva. Aproveitem para a culinária e gozem bem o calor do lar. Bom fim de semana para todos.

ZM

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De pequenina se torce a pepina

>> quinta-feira, março 17, 2005

Pode ser que me engane, mas estou cá desconfiado que esta Madalena aínda vai dar que falar entre os escaladores nacionais.
Madalena dá os primeiros passos num muro de treino.

ZM

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Ana Ventura

>> terça-feira, março 15, 2005

A Ana Ventura é uma artista, não no sentido pejorativo, mas no real. Entre inúmeras outras coisas, fotografa com um olhar que me deixa sempre surpreendido, para não dizer invejoso. É uma daquelas fotógrafas, pragmáticas, femininas, que, sem aparentes preocupações de ordem técnica, cria imagens que eu dificilmente faria, com todos os filtros, conceitos técnicos e equipamento do mundo. Há pessoas que não precisam de mais nada, bastam-lhes os olhos.
Aqui ficam 2 notáveis registos tomados na mini maratona de Lisboa. Felizmente levou a máquina.





Beijinhos para a Ana.

Passem pelo site dela e encomendem. Juro que não tenho comissão.

ZM

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Abstinência de neve.

>> segunda-feira, março 14, 2005

O ski é um desporto que me apaixona, embora sinta algum complexo de culpa por me sentir tão bem a praticar uma actividade que tem sido responsável pela destruição de grandes áreas de montanha. A verdade é que deslizar pela neve, sobretudo em locais pouco "crowded" é um prazer que quase não tem paralelo em nenhuma outra actividade que alguma vez tenha praticado.
Plat de Beret - Junho de 2004
Este ano, por imperativos de agenda, vejo-me na contingência de, pela primeira vez em vários anos, não ir alguns dias "à neve". Por isso aqui fica uma vertente estival de uma das minhas estações favoritas: Baqueira, no Vall D'Arán.
Desejo à Sara e ao Soutelinho, que estão ambos na neve neste momento, as melhores descidas do mundo.
Por outro lado, há quem se bata actualmente pela defesa de alguns vales, que poderão sucumbir às mãos dos alcaides, embriagados pela febre do betão. Para mais informações -->
Em Portugal temos apenas uma estação de ski (?). Se querem que vos diga com franqueza, não concordo com a sua existência. Acho que é um grande erro haver um "centro comercial" no topo da Serra e defendo que a estrada da Torre devia estar sempre fechada, mesmo no Verão. Se aquilo é um Parque Natural, vou ali e venho já.
Para mais informações -->
Pensem no assunto e vão passando por cá.
ZM

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Arquitectura bioclimática (2)

Não queria deixar de responder ao comentário do Daniel ao meu último post:
"Aqui há que pensar a sério no arrefecimento das casas, bem mais difícil do que o aquecimento. Se pensarmos que os raios solares no verão estão muito mais perpendiculares à terra (em Portugal) do que no inverno o que acontece a uma casa que está preparada para ser aquecida pelo sol quando temos 35ºC no verão?"
Se tivermos janelas de bandeira, que possam estar sempre abertas, na parte baixa da fachada Norte e na parte alta da fachada Sul, toda a casa refresca e obriga-se o ar a circular. A única coisa que é necessária para além disso é estores no exterior das janelas a Sul e palas de sombreamento calculadas de forma a que as janelas estejam à sombra durante o Verão. Como as casas são isoladas pelo exterior, não há ganhos solares excessivos. Isto não é ficção, funciona mesmo.
Existem mecanismos mais elaborados de criar espaços frescos a Norte das casas e alimentar o interior com esse ar, ou sistemas de ventilação das coberturas, mas diz-me a experiência que não é preciso chegar a tanto.
Obrigado pelo comentário, em todo o caso.

ZM

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Arquitectura - Casas bioclimáticas.

>> sexta-feira, março 11, 2005

No momento de comprar uma casa, costumamos pensar demasiado em aspectos que, no imediato parecem fundamentais, mas que no longo prazo poderão não ser os mais importantes. A maioria das pessoas não se lembram ou ignoram detalhes que são a diferença entre uma casa confortável e uma outra onde é impossível viver com qualidade.

Em primeiro lugar temos que pensar que uma casa é um local DENTRO do qual vamos viver. Tal como as plantas, para nos sentirmos bem, precisamos de determinadas condições de:
1. Espaço
2. Luz
3. Temperatura
4. Humidade
Precisamos também de outras coisas, mas essas não são da responsabilidade de quem construiu a casa que vamos habitar.

As condições mencionadas acima estão dependentes de um conjunto de características da casa, de que frequentemente ninguém parece lembrar-se:
A forma da casa e a sua orientação solar – uma casa com 2 andares tem melhor rendimento térmico do que uma casa térrea. A relação volume/superfície exterior é sempre maior numa casa de 2 andares, pelo que as perdas térmicas são menores nestes casos. Todas as casas deviam ter a sua maior área exterior virada a Sul. Os maiores vãos deveriam estar desse lado, ficando os vãos mais pequenos na fachada Norte. Desta forma aproveita-se simultaneamente a luz e o aquecimento proporcionados pelo Sol a Sul e reduzem-se as perdas térmicas pela fachada Norte, sempre mais fria.
O isolamento das paredes – é muito mais eficaz, do ponto de vista térmico, colocar o isolamento das paredes no exterior, do que no interior ou entre 2 paredes. Desta forma, consegue-se que a inércia térmica das paredes (que estão à temperatura do ambiente interior) reduza as variações da temperatura interior, mesmo quando no exterior há variações maiores.
Variações térmicas no interior, em função da forma como é feito o isolamento.

As superfícies que sejam iluminadas pelo Sol, sobretudo no Inverno, devem ter massa térmica, para acumularem o calor e manterem a temperatura interior sem variações.
Os grandes vãos da fachada Sul devem ser sombreados de forma a que no Verão estejam à sombra e no Inverno ao Sol. Os estores devem estar do lado de fora das janelas, para permitirem sombreamento total das janelas no Verão, impedindo-as de aquecer o interior.
A circulação de ar dentro de casa pode ser promovida de diversas formas: Junto aos grandes vãos da fachada Sul deverão haver zonas de comunicação entre os 2 andares da casa, chamadas de duplo pé direito, e as escadas de ligação entre os 2 pisos deverão estar junto à fachada Norte. Assim o ar aquece na fachada Sul, subindo, e desce pelas escadas, a Norte, onde arrefece. O ar é forçado a circular dentro de toda a casa, de forma natural. Deve haver janelas de bandeira que possam estar abertas, mesmo quando não há ninguém em casa. Preferencialmente, para aproveitar e promover o sentido de circulação de ar já falado, deve haver aberturas no topo da fachada Sul e na parte baixa da fachada Norte. Isso fará o ar entrar pelo Norte e sair pelo Sul, refrescando a casa no Verão.
O aquecimento do Sol pode ainda aproveitar-se de uma forma muito eficaz utilizando paredes Trombe, mas disso falarei noutra ocasião.
Devem evitar-se pontes térmicas com o exterior, sejam de que tipo forem. As janelas com cantaria de pedra podem ser muito bonitas, mas levam o calor da casa direitinho para o exterior, pelo que devem ser evitadas. Se conseguirmos que todas as superfícies interiores estejam à temperatura do ar dentro de casa, não haverá condensação de humidade nas paredes.

Podem dizer-me que, se seguirem todas estas regras, a casa dificilmente ficará bonita. Talvez tenham razão, pelo menos na opinião de alguns, mas gostos não se discutem. A verdade é que, quando compramos uma casa é para viver e não para mostrar aos amigos ou contemplá-la do exterior, pelo que deveríamos dar mais importância aos aspectos funcionais do que estéticos.

Pessoalmente, talvez porque me interesso por este tipo de construção há alguns anos, gosto mais deste tipo de casas do que da clássica moradia português suave, que se vê tanto por aí.

Como felizmente moro numa casa de construção bioclimática, que nem sequer é das melhores, uma coisa posso garantir-vos: este conceito funciona perfeitamente e só com muito sacrifício me sujeitaria a morar numa casa “tradicional”.

Se quiserem procurar mais informação sobre o assunto, podem começar por aqui --> ou seguir os links falados no post de arquitectura anterior.

Sigam as pistas, saiam do armário!

ZM

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O Paço da Vila

>> terça-feira, março 08, 2005

Paço da Vila, fotografado no Natal de 2004.
Só ao avistar o Paço Cruges descerrou os lábios:
—Sim senhor, tem cachet!
E foi o que mais lhe agradou — este maciço e silencioso palácio, sem florões e sem torres, patriarcalmente assentado entre o casario da vila, com as suas belas janelas manuelinas que lhe fazem um nobre semblante real, o vale aos pés, frondoso e fresco, e no alto as duas chaminés colossais, disformes, resumindo tudo, como se essa residência fosse toda ela uma cozinha talhada às proporções de uma gula de rei que cada dia come todo um reino...

Eça de Queiroz - Os Maias

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A Sobreira dos Fetos

>> segunda-feira, março 07, 2005

A Quinta do Relógio situa-se mesmo em frente à entrada da Quinta da Regaleira, na estrada velha de Colares que vai do centro da Vila, passando por Seteais e Monserrate, até Colares. O palácio dessa quinta é do arquitecto António Manuel da Fonseca Júnior.
A história deste palácio é muito engraçada, mas não é dela que vos quero falar hoje.
Sobreira dos Fetos, na Quinta do Relógio, junto à Regaleira.
Na parte exterior do gradeamento encontra-se uma sobreira secular, conhecida por Sobreira dos Fetos, vindo tal designação do facto de, em todas as suas trancadas, surgirem inúmeros fetos vulgares, que misturam as suas folhas com as da própria árvore, à sombra da qual vivem, sugando o húmus que encontram nas rugosidades da cortiça que a reveste.
O poeta inglês Roberto Southey, numa carta que escreveu a um amigo, disse: Há, então, aqui uma árvore , tão grande e tão velha que um pintor deveria vir de Inglaterra só para a ver. Os troncos e os ramos são cobertos de fetos, formando com a folhagem escura da árvore o mais pitoresco contraste. Isto passou-se no final do século XVIII. Note-se que, naquela data distante, a sobreira já era tãogrande e tão velha!
Diz-se, também, que a rainha D. Amélia, que foi, incontestavelmente, uma apaixonada por Sintra, proferia muitas vezes esta frase: Vale mais a sobreira dos fetos do que Cascais e Estoris, tudo junto, pelo que os nossos vizinhos daquelas bandas, despeitados, lhe chamavam a cabra da serra.
Se isto não é verdade, pelo menos, tem muita graça.

A foto que aqui se apresenta foi tirada por mim. O texto em itálico foi retirado do segundo volume das obras desse grande cronista de Sintra, que tive a oportunidade de conhecer, chamado José Alfredo da Costa Azevedo. Se forem à Piriquita, antes de entrarem, ergam um pouco o olhar e ficarão a saber onde nasceu este adorável autor. Tive a imensa sorte de ser convidado em sua casa, em 1982, se não me engano, para fotografar uma ilustração feita por ele do Hotel Nunes, já então demolido. Aqui fica a minha primeira homenagem a José Alfredo da Costa Azevedo.

Quando passarem por Sintra, sigam as pistas.

ZM

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As ventoinhas

O interessantíssimo blog Flux+Mutability, cujo link está na lista do Arrumário, deu-me a conhecer o site do fotógrafo Bob O'Connor (http://www.boboconnor.net/), onde encontrei esta belíssima imagem de um pequeno parque eólico:
Geradores Eólicos
Conheço muita gente que se opõe à construção destes parques, por motivos ecológicos. Dizem que não gostam de ver a paisagem ferida por aquelas estruturas, que são colocadas inevitavelmente no topo das serras. Eu, embora amante das montanhas, gosto de ver estas ventoinhas no horizonte. Gosto, além disso, de saber que por cada MW de electricidade que nasce do vento, se poupam muitos quilos de combustíveis fósseis queimados e muito dióxido de carbono e calor largado na atmosfera, com as consequências que todos conhecemos. É verdade que o lago criado por uma barragem é bonito, mas o paredão? E o impacto na natureza da criação dessas albufeiras? Além disso, os parques eólicos, se um dia forem desmontados apenas deixarão pequenas marcas no terreno. Já as barragens...

Por mim, vivam as ventoinhas. Acho-as lindas.

Bons ventos a todos.

ZM

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Fading Landscapes

>> sexta-feira, março 04, 2005


Comprei, um bocado ao acaso, um CD muito interessante (para o meu ouvido, evidentemente) de uma banda que dá pelo nome de Lambwool. Já agora, passe a publicidade, comprei-o online, através da Equilibrium Music.
O álbum chama-se Fading Landscapes e trás um booklet muito interessante cheio de fading landscapes, que são fotos um bocado desbotadas de locais dispersos, feitas por um tal Peter Bengsten. A foto que vemos acima, está no seu site.
Uma coisa curiosa é que os locais fotografados são uma bela amostra de sítios onde me tenho sentido muito bem:
Espanha - Cuenca
Dinamarca - Copenhaga
Portugal - Sintra

A foto acima chama-se "Time devours the dream" e, não sei se de propósito, remete-me para a pintura de Hieronymus Bosch. Pintura que foi utilizada na capa do Serpent's Egg dos Dead Can Dance, que são provavelmente a minha banda favorita e que, ao fim de muitos anos de separação, estão a iniciar uma tournee pela Europa.

Como dizia o outro, isto anda tudo ligado.

Sigam as pistas, e vão passando por cá.

ZM

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A queda de um anjo

>> quinta-feira, março 03, 2005


Quando eu era um rapaz novo identificava-me de alguma forma com a igreja católica. Fui tendo as minhas dúvidas, como toda a gente, mas sentia-me católico. Uma das pessoas que contribuiram para fortalecer essa sensação de pertença foi um frade Franciscano, a quem chamavamos Frei Nuno Serras Pereira, que tinha uma forma muito informal de viver a religião (achava eu) e que era visita lá de casa. Aliás, casou a minha irmã mais velha, o primeiro casamento da familia, há mais de 20 anos.
O Frei Nuno tinha crescido na Avenida de Roma, adorava motas e, em vez da vulgar cruz que os frades todos utilizavam ao pescoço, usava um pinhão de ataque de uma mota com uma cruz de ferro soldada lá dentro. Tinha uma forma solta de viver a fé e era isso que me atraía. Fartei-me de ouvir da sua boca as clássicas anedotas do J.C., contadas até em ambiente de retiro, coisa que lhe valia umas olhadelas de soslaio dos seus companheiros mais conservadores.
Assisti à sua ordenação, no seminário da Luz e lembro-me de chorar quando o vi deitado no chão a oferecer-se humildemente à igreja.
Hoje, quando liguei o rádio, ouvi uma notícia onde se falava deste padre. Podem ver aqui a noticia do Público.
Como não ouvi falar do Nuno Serras Pereira durante mais de 20 anos, supunha que estaria na mesma. Fui procurar um pouco pela net e o que fui encontrando pinta um retrato que me surpreendeu completamente. Por exemplo, a propósito da educação sexual:
"Pela boca do Ministro da Educação, nas abundantes entrevistas que tem concedido nestes dias, ficámos a saber que se pretende formar para a responsabilidade e que esta consistirá não em prevenir as relações sexuais e em educar para o autodomínio e para o dom de si, por outras palavras, para a castidade, mas sim em “prevenir as doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez precoce” que... irão obviamente aumentar"
Educar para a castidade? Prevenir as relações sexuais?
Se quiserem ver mais artigos interessantes vejam em http://www.santidade.net/artigos.html

A única conclusão a que chego é que o facto de os padres católicos se imporem o voto de castidade está a enlouquecê-los.
Se me sentisse católico antes de ler estes textos, hoje rasgava o cartão de sócio.
Que a igreja defenda a vida na questão do aborto, eu compreendo perfeitamente. Sinto-me nessa matéria bastante conservador. Agora, esta luta pela castidade, até dos casados, só consigo compreendê-la pela inveja que sentem os padres por se terem imposto esse voto.

Deste clube, eu francamente não quero fazer parte.

ZM

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Desporto de garagem

>> quarta-feira, março 02, 2005

O desporto que pratico - escalada em rocha - exige uma prática regular que permita manter a técnica e a forma física, caso contrário acaba por ser tão frustrante que deixa de dar qualquer prazer. Escalo há tantos anos que já nem sei imaginar a vida de outra forma, mas acabo por ter uma relação complicada com esta paixão, tão difícil de conciliar com a vida quotidiana e familiar.
Tento dar pelo menos 2 escapadelas por semana à sala de torturas que aqui se ilustra.
Escalada num muro de treino
Trata-se de um muro de treino, construído num subterrâneo, onde felizmente ainda chega a rádio Voxx. O fantasma que se vê no meio da foto é o autor destas linhas.
Quando os dias estão mais longos vou à falésia ao final do dia, em vez de treinar no muro. Isso é a felicidade.
Se o Arrumário chegar ao Verão, hei-de tentar mostrar quanto isso é fantástico.
Vão passando por cá.

ZM

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