A Casa do Cipreste

>> sábado, dezembro 31, 2005

A propósito dos posts sobre Raúl Lino fui recebendo comentários e mails que tenho sempre tentado divulgar. Recebi há pouco um comentário de um anónimo, a quem desde já agradeço, um link para fotos do interior da Casa do Cipreste, a obra maior de Raúl Lino, que poderão verificar que é uma autêntica obra de arte.
Aqui fica o link: http://cipreste.planetaclix.pt/

Mais uma vez, obrigado ao anónimo e um excelente 2006 para todos os leitores.

ZM

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Antony and the Johnsons

>> quinta-feira, dezembro 29, 2005

No penúltimo dia do ano aqui vos deixo a sugestão de um dos melhores CD's deste ano, se não o melhor de todos.
Antony propriamente dito I Am A Bird Now

A banda chama-se Antony and the Johnsons e o álbum de que falo é o I am a Bird Now.
A voz de Antony é uma voz incomum, cheia de dor e melancolia. As cantigas são hinos à vida, embora sempre com o fantasma da morte a ensombrar o horizonte. Talvez por isso mesmo, por essa presença tão material da morte, fazem ferver o sangue dos vivos que as escutam.

Alguns links interessantes:
http://www.alwaysontherun.net/antony.htm
http://www.antonyandthejohnsons.com/
http://www.brainwashed.com/antony/

Espero ter-vos aguçado o apetite musical. Se tiverem curiosidade, emprestem-lhe os vossos ouvidos. Provavelmente ficarão tão encantados quanto eu.

Bom ano para todo o mundo.

ZM

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DCD

>> quarta-feira, dezembro 28, 2005

Severance
Severance,
The birds of leaving call to us,
yet here we stand
endowed with the fear of flight.
Overland
the winds of change consume the land,
while we remain
in the shadow of summers now past.
When all the leaves
have fallen and turned to dust,
will we remain
entrenched within our ways.
Indifference,
the plague that moves throughout this land
Omen signs
in the shapes of things to come.
Tomorrow's child is the only child.


Dead Can Dance

Hoje deu-me p'r'aqui...

ZM

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Parque da Pena

Aqui ficam quatro registos de um curto passeio no Parque da Pena, em Sintra.





Se for caso disso, passem por lá um dia destes.

Bom ano de 2006!

Uma energia especial para a Sara. O Arrumário deseja-te sinceramente que os teus desejos se materializem no ano que vai agora entrar. Beijinhos.

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O Natal

>> sexta-feira, dezembro 23, 2005

Ao contrário do que se vem tornando uma moda em diversos suportes de opinião eu confesso aqui que gosto do Natal.
Gosto das árvores de Natal por todo o lado, mesmo aquelas da loja dos chineses.
Gosto das luzinhas nas janelas das casas e nas ruas das cidades.
Gosto daqueles Pais Natal pindéricos que invadiram as janelas, varandas e paredes de muitas casas e edifícios públicos.
Gosto de ver chapéus de Pai Natal nas caixas do Continente, nos cafés e nalgumas bombas de gasolina.
Gosto dos votos que me mandam por SMS, por email, por postal, etc, embora eu não mande a ninguém.
Gosto de ver Bolos Rei por todo o lado, apesar de eu não comer uma única fatia porque sou esquisito e não gosto de frutas dentro dos bolos.
Adoro os sonhos da minha sogra, que são seguramente dos melhores que existem, e gosto de filhoses, troncos de chocolate, e outros doces típicos do Natal.
Gosto do bacalhau com couves, na noite da consoada, regado com um bom tinto, com a família toda lá em casa, horas a fio à volta da mesa.
Gosto do frio e da chuva do lado de fora e da lareira acesa todo o dia.
Gosto do cheiro a lenha do meu bairro, embora não seja um exclusivo do Natal.
Gosto do ambiente de trabalho durante estas duas semanas diferentes no escritório, em que toda a gente parece um pouco mais leve.
Gosto da missa do galo, embora há anos que lá não vá. Um ano destes vou recuperar esse hábito, que era tão divertido.
Sei que se exagera no consumismo das prendinhas, mas gosto de as dar às pessoas de quem gosto.
Tenho plena noção de que o Natal não é igual para todos. Sei que há muitas pessoas que não podem ter o Natal que eu tenho.
Ainda assim, gosto do Natal, do espírito do Natal, das luzes, do circo na TV, dos jantares em família e do calor do lar.
Aos que não concordam comigo, desculpem qualquer coisinha.
A todos, um bom Natal.
ZM

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O motivo de uma prolongada ausência

>> terça-feira, dezembro 20, 2005

Estive alguns dias noutras paragens. Um seminário de team building levou a minha Direcção para um local fascinante: O Convento do Espinheiro, junto de Évora.
É um edifício magnífico, recuperado com grande gosto e qualidade arquitectónica. Não consigo descobrir qual foi o arquitecto responsável pela recuperação do Convento, mas (dentro do género) parece-me um trabalho cuidadoso e bem feito. Provavelmente longe do que foi feito por Carrilho da Graça na Pousada Flor da Rosa, mas ainda assim digno de nota.
Foi o local escolhido para a última cimeira ibérica.
Aqui ficam algumas fotos do local.
Esta foto é de uma banda que animou o nosso primeiro jantar, numa tenda que se encontrava num edificio junto da Pousada dos Loios, em Évora. Não tem nada a ver com o Espinheiro

Aqui já estamos em pleno Convento do Espinheiro.

O logotipo desta unidade hoteleira num vidro.

Um corpo moderno onde se situam alguns quartos.

Outra parte moderna, que me pareceu ser um edifício de apoio.

Um auto-retrato do artista.

Novamente o logotipo da unidade.

Um anjinho, dentro da igreja.

Uma imagem manhosa do claustro.

Uma bela imagem do conjunto, visto do lado Norte, perto do nascer do Sol.

Como diria a minha vizinha Luísa, espero que gostem :-)
Se passarem por lá dêem uma vista de olhos, que vale a pena, mas durmam noutro lado, que o preço não é para graças.
Bom Natal.
ZM

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Prémios Contra-Indicado 2005

O Arrumário foi distinguido pelo inquestionável Contra-Indicado (um blog que não faz bem a coisa nenhuma, excepto ao ego dos vizinhos dos amigos), com a notabilíssima categoria de Melhor Blogue Com Gosto Pela Arquitectura.
Fiquei muito comovido, até porque a referência aparece no início da lista, o que se lhe retira algum "the winner is" confere-lhe mais notoriedade, além de ser referenciado junto de um blog da primeira divisão, como é o caso do Barriga de um Arquitecto.

Um grande abraço ao Contra-Indicado e Feliz Natal para todos, incluindo os restantes agraciados com tão nóbeis galardões.

ZM

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Moby

>> terça-feira, dezembro 13, 2005

O Moby propriamente dito tem um site: http://www.moby.com
Na secção journal, que é uma espécie de blog está um texto que me despertou a atenção.
Nele se lê:
it's disgusting that people in the media and the press have celebrated and glamorized music and musicians who write lyrics that glorify misogyny and homophobia. there is nothing glamorous about homophobia and misogyny. homophobia and misogyny are disgusting and vile and represent the worst and most atavistic elements of the human spirit.
i asked a rhetorical question a few years ago, which was: 'if a musician made a record wherein he talked about killing blacks and jews would he get covered in the press and played on radio and mtv? if the answer is 'no'(as it should be), then why is radio and mtv filled with music that has lyrics about killing and brutalizing women and gays? is it somehow less offensive when women and gays are brutalized and killed?'


Cada vez me identifico mais com o artista.

Boas festas.

ZM

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Trinca Espinhas

>> segunda-feira, dezembro 12, 2005

Tal como prometi no último post, aqui fica uma curta reportagem sobre o local onde jantámos no Sábado passado.
Já tinhamos chegado a Sines, decidimos andar um pouco mais e jantar em S. Torpes. Demos uma vista de olhos aos quatro restaurantes disponíveis e decidimo-nos pelo Trinca Espinhas - o único que é do lado do mar. Cedo verificamos que tinhamos feito uma boa escolha.
Posando para a foto :-)
Começamos pelas entradinhas, que são uns pequenos pratinhos em forma de peixe, com umas tapas deliciosas. Nós provámos salada de atum com feijão frade, pimentos assados e favinhas com um molho verde delicioso. Além destas pedimos aínda Camembert panado, com molho de framboesa. É uma iguaria digna de nota.
Recepção, para o pessoal ir bebendo qualquer coisa enquanto espera.
Pedimos depois uma dose de linguadinhos fritos com açorda de ovas. Veio uma travessa com dois linguados (que dispensavam o inho) acompanhados de uma generosa quantidade de açorda de ovas, que deu perfeitamente para nos satisfazer a ambos. Já estou a prever piadas aos linguados, mas acontece que foi mesmo isso que comemos.
A entrada do restaurante.
No final ainda comemos uma tarte de limão merengada de se lhe tirar o chapéu.

Não bebemos vinho porque tinhamos muitos quilómetros para fazer antes de chegar a casa.
O aspecto do linguado. O sabor eu não posso fotografar, mas era do melhor que temos apanhado.
Resta falar da simpatia da pessoa que nos atendeu, que tinha sotaque francês e foi sempre muito agradável.

Aqui vos deixo o contacto deste restaurante muito recomendável. Se andarem ali por perto passem por lá.

Restaurante Trinca Espinhas
Praia de S. Torpes
7520 SINES
Tel: 269636379
Encerra à quinta-feira.

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Centro das Artes e Biblioteca de Sines

>> sábado, dezembro 10, 2005

Neste Sábado decidimos rumar ao Sul. Passámos o Sado no Ferry e demos uma vista de olhos no novo aspecto da península de Troia, com duas torres a menos. Ficou melhor.
O nosso objectivo era o Centro de Artes e Biblioteca de Sines, um edifício dos arquitectos Aires Mateus, de quem já aqui falei.

Como saímos tarde de casa e fomos em ritmo de passeio, parando aqui e ali, já o Sol se tinha posto quando finalmente chegámos a Sines. As fotos do exterior do edifício mostram isso mesmo. Ainda assim, valeu bem a pena. É um espaço magnífico, desenhado com grande mestria, por uma dupla de arquitectos cujo trabalho não me costuma entusiasmar.

Nestas duas imagens vemos a parede envidraçada da biblioteca e a entrada para o centro de exposições. Trata-se de uma rua, que atravessa o edifício a este nível. Abaixo do nivel da rua os dois corpos ligam-se sem que se note.

Lá dentro é tudo muito depurado, muito branco, com espaços enormes, ligados por corredores labirínticos e estreitos. A luz desenha traços nas superfícies, como se estivessemos dentro de uma escultura moderna.


Graça Morais foi convidada para inaugurar este centro com uma exposição de arte produzida para o efeito. Para isso viveu durante três meses numa alcáçova do Castelo de Sines, ali bem perto e criou as pinturas expostas. A exposição chama-se Os Olhos Azuis do Mar. É de uma rara beleza.



O interesse e a curiosidade pela arquitectura foram o pretexto para um passeio muito agradável, em que vimos imensas coisas de que não estávamos à espera.
No próximo post falo-vos da cereja em cima do bolo neste dia cheio de surpresas positivas e experiências memoráveis.
Sines não é assim tão longe e a exposição tem entrada livre. O Centro das Artes vale só por sí, mas os trabalhos que inauguram a área de exposições são imperdíveis.
Não se esqueçam de passar por lá.
ZM

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Errata

>> segunda-feira, dezembro 05, 2005

Há dias publiquei uma foto do que me parecia uma Araucária morta tomada de assalto por uma hera amarela. Felizmente o atento leitor Bonecos de Bolso corrigiu-me a deixa e sugeriu que poderia ser um Ginkgo Biloba. O SalQB já confirmou que assim é. Aqui fica de novo a foto em causa, agora em detalhe, e uma foto que retirei do site http://www.xs4all.nl/~kwanten/spain.htm, onde se vê bem que a árvore que fotografei é mesmo um Ginkgo Biloba.
Desculpem os incautos leitores a quem a minha ignorância possa ter induzido em erro.
Obrigado aos que corrigiram.
O Ginkgo Biloba fotografado por mim, em Galamares A foto de um Ginkgo de Madrid
ZM

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Bom Sucesso again

>> sexta-feira, dezembro 02, 2005

Hoje, no Hardblog, lê-se o seguinte (sobre o empreendimento Bom Sucesso, de que já aqui falei):

"O que nos é apresentado é pobre. Uma arquitectura “culta” que se rende à facilidade da repetição do já conhecido. O que manifestamente choca aqui é o desmazelo com que os arquitectos se rendem à facilidade do “mercado”. O cliente irá pagar uma exorbitância por uma “caixa desmaterializada” assinada."

Eu sou pouco de endeusar os arquitectos, por muita fama e prestigio que tenham. Quando conheci o projecto do Bom Sucesso estudei as plantas com grande expectativa, não é todos os dias que se vêem tantos arquitectos de renome juntos num projecto desta dimensão. No entanto, cedo me fui desencantando. De facto, a maioria dos projectos parecem-me pouco interessantes. Revejo-me um pouco neste texto do Hardblog. Por acaso gosto particularmente dos projectos do Souto Moura e da Inês Lobo. Quanto ao resto praticamente não se salva nada (na minha singela e humilde opinião). Como nota positiva fica a ideia de todas as coberturas serem vegetais.

Já aqui falei da segunda fase deste empreendimento, onde surgirá o tal projecto de Manuel Graça Dias. Pode ser que apareçam outros igualmente interessantes.

Um resto de bom fim-de-semana.

ZM

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Outono em Sintra

O Outono em Sintra tem um encanto especial. Um dia desses encontrei este esqueleto de Araucária, agora vestido de hera. O amarelo do Outono dá-lhe um ar de árvore do outro mundo.


Esta é uma foto tirada no Pé da Serra, no mesmo dia.


Bom fim-de-semana.

ZM

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Fotos em monumentos

>> quarta-feira, novembro 30, 2005

No post sobre uma visita ao Palácio Real de Sintra, surgiu um comentário - infelizmente anónimo - que diz:
"As fotos não são apenas clandestinas, são antes um desrespeito pelas indicações perfeitamente visíveis à entrada do monumento. è uma vergonha que o tenha feito, mas lá que ficaram boas, isso é evidente."

Eu nunca percebi porque é que em Portugal há tanto esta mania de não deixar fotografar monumentos. Será que acham que por as pessoas verem fotos do interior do Palácio Nacional de Sintra já lá não vão visitá-lo? Eu acho exactamente o oposto, quanto mais se mostrar a beleza daquele monumento (e de outros) mais isso chama visitantes. Por vezes não vamos visitar determinado monumento ou local justamente porque não temos nenhuma ideia do que vamos encontrar. Se me disserem que não devemos utilizar flash porque essa luz pode danificar frescos ou qualquer outra coisa, estou de acordo, agora fotografar sem flash, não vejo nenhuma razão lógica para não o poder fazer.
Eu acho que na maior parte dos casos se trata apenas daquele sentimento tão português de usar arbitrariamente a possibilidade de mandar. Quem inventou esta regra de não se poder fotografar em tantos locais deve ter barriga e bigode e pensou:
- Se os posso proibir de fazer alguma coisa, vou proibir. Não pensem que brincam comigo!
É por estar convencido de que esta proibição é um absurdo que em geral tento desobedecer-lhe. Não me parece que seja uma vergonha.

Bom fim-de-semana prolongado (para os que for caso disso) e fotografem muito. Sobretudo em locais proibidos :-)

ZM

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T. de Lempicka

>> domingo, novembro 27, 2005

No Sábado passado decidimos ir finalmente ver o tão falado T. de Lempicka a Tomar, como fez o Azenhas há tempos. Aproveitámos o pretexto para fazer um calmo passeio até Tomar.
A primeira paragem foi em Santarém, onde visitámos as famosas Portas do Sol, que nos dão esta vista magnífica sobre o Tejo.

No mesmo local fomos brindados com esta medalha de ouro das cores Outonais.

Um pouco adiante fomos dar uma vista de olhos ao Castelo de Almourol. A distância da margem direita do rio à ilha parece-me cada vez mais estreita. Não sei se é aquele fenómeno que aumenta tudo o que temos na memória face à realidade actual ou se é mesmo a erosão e a construção de estruturas que está a sufocar o braço direito do rio naquele local. Actualmente não percebo porque é que não se constroi uma pequena ponte de acesso à ilha. Não teria que ser maior do que a que liga a Torre de Belém a terra, na foz do mesmo rio (como podem constatar na imagem).

Ainda antes de chegarmos a Tomar decidimos passar em Constância, para provarmos os tão falados Queijos do Céu. O sítio onde os comprámos era gerido por mal-encarados, mas de facto os Queijos são uma delícia.




Chegados a Tomar, fomos ao Convento saber quando poderíamos recolher os bilhetes que tínhamos reservado no site do Fatias de Cá. Como faltava algum tempo para se iniciar o Arrivo, fomos até ao largo da igreja, que é sempre agradável de visitar.

Quando chegámos de novo ao Convento de Cristo, já o Arrivo estava quase no final. Fomos o penúltimo casal a receber o passaporte. Este é entregue individualmente a cada pessoa, depois de uma breve explicação das regras para assistir à peça, que de resto estão escritas no passaporte que somos aconselhados a ler com atenção. A entrega é feita com a pessoa sentada frente a uma senhora com um certo ar inquisitivo. Começa-se aqui a entrar no ambiente da peça.
Depois seguimos o mordomo Dante Fenzo, que nos leva à presença do Aldo Finzi, um camisa negra com ar de quem nos vai comer ao pequeno-almoço, que terá que nos carimbar o passaporte para sermos admitidos no Il Vitorialle, onde decorre a acção. Finzi, é verdadeiramente atemorizador. Carimba os passaporte como que mata coelhos e quando se dirige a alguém é com um vozeirão capaz de fazer tremer o mais audaz. Quando chegamos à sua presença, depois de muito tempo na fila, somos encandeados com uma luz amarela e ficamos à espera que a sua arbitrariedade nos atinja... ou não. A minha mulher levou um imenso raspanete por ter assinado o passaporte, mas a mim não ligou nenhuma e eu tinha feito o mesmo. De resto gabo-lhe o gosto. Se fosse eu também me metia com ela :-)
Passada esta prova estamos todos finalmente na mesma sala e a peça começa sem darmos por isso.
Estamos no Il Vitorialle, o palácio de Gabriele d'Annunzio, no dia 10 de Janeiro de 1927. Tamara de Lempicka é uma expatriada polaca, aristocrata e pintora, convidada por d'Annunzio para lhe pintar um retrato. Cedo descobre que o que ele quer não é bem isso.

Logo no início somos separados em quatro grupos. Cada grupo segue uma personagem. A forma como assistimos a esta peça é surpreendente. Quem vá ver a T. de Lempicka a pensar que vai fazer uma visita nocturna ao Convento de Cristo pode tirar daí a ideia. Ao fim de pouco tempo estamos de tal forma envolvidos que nos esquecemos por completo de onde estamos e passamos a sentir-nos verdadeiramente no Il Vitorialle.

As pessoas que vão juntas têm toda a vantagem em se separarem assim que for possível, passando a seguir personagens diferentes. Têm deste modo duas visões da história. Como as coisas estão a acontecer independentemente de estarmos lá ou não, ficamos com a sensação realista de estarmos mesmo a seguir um dos intervenientes de uma história que está mesmo a acontecer. Isso torna-se inebriante. Sabemos que temos que seguir uma personagem (ou várias ao longo da peça, se assim o entendermos), mas por vezes levamos literalmente com a porta na cara e temos que ficar onde estávamos, perdendo essa personagem.

Torna-se necessário tomar decisões. Ou esperamos que a personagem que seguiamos volte a entrar naquela sala ou seguimos outra, na esperança de voltarmos a cruzar-nos com a inicial e retomarmos aquele fio da narrativa.

À hora do jantar, toda a gente fala com toda a gente contando pormenores que só alguns viram. Somos verdadeiros espiões a tentar deslindar quem é quem e quais as suas reais motivações. Não vou adiantar pormenores porque estragaria o gozo de futuros visitantes desta aventura.

A cena final é tão real que, quando dei por isso, já tinha perdido de vista o meu personagem. De resto toda a gente ficou congelada com a tensão da cena e, quando as luzes se apagaram, percebemos que já muitos tinhamos perdido a personagem e estávamos no fim da peça. A tensão explodiu num merecido e intenso aplauso, que a mim, para variar, me arrancou algumas lágrimas de emoção.
No final aínda temos direito a uma fatia de Tomar (deliciosa por sinal) e outra sobremesa de chocolate, bem como mais um cálice de Porto. Finalmente os actores vão entrando, já despidos da personagem. Cada um teve direito aos seus aplausos e deu para perceber que toda a gente estava muito agradada com a experiência que tinhamos acabado de partilhar.
Algumas notas finais:
1 - O preço total é 25 Euros. Considerando o aperitivo, o jantar e a sobremesa final, digamos que a peça é de borla.
2 - Há personagens que se movem muito durante a peça e outras que quase não saem do mesmo local. Quem pretenda subir e descer muitas escadas e estar sempre a saltar de um lado para o outro, deverá seguir um dos criados ou o tenebroso Finzi dos carimbos. Quem preferir um pouco mais de calma deverá optar pelo Spiga ou pelo d'Annunzio.
3 - Vão em grupo e separem-se logo na primeira sala. Assim que começar a peça afastem-se uns dos outros. Desta forma, quando os grupos forem feitos já estarão separados. Acabarão por se cruzar inúmeras vezes ao longo da peça e isso é muito divertido. Entrarão em salas onde já está alguém do grupo e trocarão breves informações.
4 - Tentem seguir sempre a mesma personagem, embora isso por vezes seja impossível porque nos fecham a porta. Nessas alturas tomem uma decisão e voltarão a encontrar a vossa personagem rapidamente.
5 - Informações e reservas no site do Fatias de Cá.

Passem por lá e divirtam-se tanto quanto eu me diverti.

ZM

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Radar

>> quarta-feira, novembro 23, 2005

Hoje trago mais uma proposta "cultural".
Cá em casa somos viciados em rádio. Mesmo quando não está ninguém em casa, a telefonia toca para os gatos. Só se cala mesmo durante a noite.
Um dos postos favoritos é a TSF, sobretudo por falta de alternativa. Dantes tínhamos a Voxx, mas chegava à nosso zona em péssimas condições e a programação era por vezes tão maçadora como os inúmeros fóruns da TSF.
De há uns tempos a esta parte, começámos a ouvir no carro a Radar. Este posto foi, pouco a pouco, conquistando o seu lugar e há dias descobri que nos nossos vetustos aparelhos de selecção por rodinha e ponteiro conseguíamos apanhar a Radar dentro de casa! De marcador em punho, marquei com muito rigor o alegre lugar do ponteiro, para não voltar a perde-lo.
A Radar é dirigida aos que foram adolescentes (tardios, no meu caso), na década de 80. É uma delícia ouvir na rádio as mesmas músicas que temos nos CD's.
Importante: é em 97.8MHz e emite com potência suficiente para chegar a Sintra em condições.
Se for caso disso, passem por lá e depois digam qualquer coisa.
ZM

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Lisboa inspiradora

>> segunda-feira, novembro 21, 2005

Hoje trago duas pistas que se juntaram neste fim-de-semana:

A primeira é um romance de Robert Wilson, chamado "A companhia de estranhos", que se passa parcialmente em Lisboa e na costa do Estoril, durante o período louco do final da Segunda Grande Guerra. Por vezes faz lembrar a maluqueira que é o "Uma noite em Lisboa" do Erich Maria Remarque. A história decorre em três períodos de tempo distintos, entre 1944 e 1991 e, na parte que se passa em Portugal, percorre a cidade de Lisboa, sobretudo a Estrela e a Lapa, a zona do Estoril, Cabo da Roca, o próprio palácio de Monserrate, uma quinta no Pé da Serra, etc. Fala-se do fado e da forma como os portugueses vivem a ditadura e a guerra. É daqueles livros escritos em tom de guião de cinema, que não conseguimos largar e onde esperamos no final um ecrã a dizer Dolby Stereo. Um dos melhores romances que li em toda a vida. Recomendo vivamente.

A segunda é a reedição em CD do espantoso álbum de Durutti Column "Amigos em Portugal". O meu grande amigo Soutelinho, de visita à FNAC, trouxe-me esta pérola perdida da música dos anos 80 (primeira edição em 1983). Apetece ouvir sem parar.

Se for caso disso, aproveitem o subsídio de Natal, que está aí à porta, passem na FNAC e adquiram ambos (desta vez não tenho comissão). Depois fechem-se em casa, que o tempo não convida a grandes passeatas, acendam a lareira, coloquem o "Amigos em Portugal" no toca-CD's em modo repeat, enrosquem-se no sofá e mergulhem na vida de Andrea Aspinal e Karl Voss. Se forem como eu, juntem ao pacote uns lencinhos de papel. Acreditem que vão dar jeito.

Cuidado, tanto o livro como o CD são viciantes.

Quando terminarem digam-me qualquer coisa.

ZM

Para mais informações sobre Durutti Column, aqui ficam 2 links:
http://www.column.freeuk.com/index.htm
http://users.rcn.com/rpsweb/durutti-column/

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S/T

>> quinta-feira, novembro 17, 2005

"Como eu gostaria de ser negro e ter no sangue esta estranha, alegre melancolia, que é como uma onda que tudo arrasta e leva, esse grosso riso de vidro, estas mãos de duas cores como o voo dos pombos (...)"
António Lobo Antunes (na altura com apenas 28 anos), in D’este viver aqui neste papel descripto, cartas enviadas de Angola para a mulher, que será lançado amanhã.
ZM

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Eva Luna

>> quarta-feira, novembro 16, 2005

A Eva fez esta noite uma Lua. Esta é a primeira Lua Cheia que acontece desde que ela está no mundo. Dedico-lhe esta fotografia tirada em Leião, ontem ao final do dia.

Foto by zm
Nikon Coolpix 5400
1/8 - F4.4 - f21.1mm - ISO100
Levels - Brightness - Crop - USM

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Manuel Graça Dias

>> terça-feira, novembro 15, 2005

O arquitecto Manuel Graça Dias é um dos responsáveis pelo meu grande interesse na arquitectura. Conheci-o na rubrica "imagens", da TSF, há muitos anos. Era um magazine diário que abordava temas como banda desenhada, publicidade, arquitectura, etc. A parte de arquitectura era da responsabilidade de MGC, "o homem que gostava de cidades". Eu, que até nem gosto de viver em cidades, passei a vê-las com outros olhos, com a ajuda que me dava este arquitecto.
Tenho seguido, desde então, com grande interesse as suas produções teóricas sobre arquitectura e embora nem sempre concordando, no essencial adoro os caminhos que as suas ideias abrem à reflexão. É um dos meus teóricos favoritos nesta matéria.
Trabalha em parceria com Egas José Vieira no gabinete Contemporânea.
Quando me mudei para Nafarros descobri aquilo que me parecia um pavilhão/atelier, que apenas se vê em relances, por estar um pouco enterrado numa encosta, que achei fascinante naquilo que deixava entrever. Descobri com grande surpresa e, porque não, alegria, que tinha sido projectado por Manuel Graça Dias. Parece que o cliente era Julião Sarmento propriamente dito. O tal pavilhão chama-se "Casa do Guarda" e fica a um tiro de pedra da minha casa:

Um dia desses tiro algumas fotos da coisa ou peço uma visita de estudo e depois volto a falar-vos do assunto. Parece-me um pequeno apartamento fantástico.

Manuel Graça Dias é autor de inúmeros projectos conhecidos, uns construidos como o Teatro Azul de Almada (um dos mais magníficos exemplares deste tipo de equipamento que alguma vez vi) ou a sede da Ordem dos Arquitectos, nos Banhos de São Paulo; outros apenas no papel, como a Manhattan de Cacilhas ou a sede do Jornal Expresso projectada para a Gago Coutinho.


O site da Contemporânea esteve muito tempo "em obras", mas aparece agora renovado, mostrando que valeu a pena esperar. Uma das surpresas são os projectos de moradias apresentados para o Bom Sucesso, em Óbidos. Já conheço o projecto Bom Sucesso há algum tempo, e quando soube que MGD iria apresentar um projecto para lá fiquei ansioso. Finalmente vê a luz do dia e vejo que tinha razões para esperar algo surpreendente. Que tal uma casa redonda, com a piscina na cobertura? Uma ideia invulgar, mas muito interessante. Aqui ficam algumas imagens que poderão encontrar no site da Contemporânea:




Se há área em que temos excelentes profissionais e criativos em Portugal é na arquitectura. É verdade que conheço 1000 vezes melhor a arquitectura nacional (por questões de proximidade com os projectos construídos) do que a do resto do mundo, mas julgo que a qualidade dos nossos melhores arquitectos, como se mostra neste exemplo, não permite vergonha seja onde for.

Sigam as pistas e passem por lá.

ZM

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