Fim-de-semana com os avós
>> quinta-feira, maio 31, 2007
O Lourenço comemorou o seu primeiro ano com os avós maternos, no campo. Aqui ficam algumas fotos.
Os morangos para a sobremesa, apanhados pela Madalena e pela avó.
Uma "instalação" executada com as pedras que vão aparecendo na horta.
O viveiro
O tomate (tomate não tem plural :-))
As ervilhas
Os morangos
As obras do avô.
Lourenço na relva.
Madalena entre flores.
As flores do jardim da avó.
A salada da avó, antes de nos chegar ao prato.
O forno que assou o borrego que foi acompanhado pela tal salada. O campo tem sabores que a cidade já não conhece.
A gata da avó. Pouco amiga de festas de estranhos. É uma espécie de cão de guarda.
Quando tive a idade dos meus filhos, felizmente também tive um "campo" para conhecer. No nosso caso era na Marmeleira, recentemente tornada famosa por ser poiso de um ilustre político e bloguista.
Nunca me esquecerei do sabor das azeitonas, que comiamos em tão grande quantidade que quase ficávamos doentes;
do cheiro e da escuridão das adegas, cheias de mistérios;
das viagens imaginárias que faziamos a cavalo numa tripeça, que servia para matar o porco (embora nunca tenha visto nenhuma matança);
da arca dos cereais, onde havia ratoeiras armadas que saltavam do meio do cereal se lá fossemos mexer;
dos instrumentos de sopro que o meu tio Rogério tocava e que andavam sempre por alí;
do degolar dramático das galinhas, às mãos da minha doce tia Argentina e do cheiro enjoativo das penas escaldadas para se poderem depenar;
do medo que tinhamos das galinhas quando íamos tirar-lhes os ovos ao galinheiro;
do piar a mil vozes dos aviários onde cresciam os pintos até se tornarem galinhas para vender;
dos caminhos que levavam às "fazendas", ladeados de amoras que colhiamos e comiamos, apesar do pó e da sujidade;
do poço, no fim do quintal, onde era proibido brincar e, por isso mesmo, tão atractivo e misterioso;
do canivete no bolso, esculpindo canas em forma de barquinhos que navegavam em qualquer ribeiro;
das mantas pesadas que nos esmagavam a respiração à noite para nos manterem quentes numa época sem aquecimentos;
da bacia de esmalte onde lavávamos as mãos e a cara antes do jantar;
enfim de um mundo cheio de aventuras, com sabor a terra e com algum drama que hoje relembro com emoção nalgumas pinturas da Paula Rego ou da Graça Morais.
Esse imaginário ficou-me para sempre na memória. Faz parte do meu património. Agrada-me pensar que os meus filhos possam também ter essa riqueza.
Obrigado avós (que não lêem blogs).
ZM