A banha da cobra

>> sábado, novembro 22, 2008

A notícia do carro eléctrico patrocinado pelo governo português é no mínimo curiosa.
Destaco a frase: "...o Governo pretende que 20 por cento da frota automóvel do Estado tenha emissões zero a partir de 2011"
Emissões zero de quê? De gases de escape? Isso talvez, mas se tivermos em conta que a quase totalidade da electricidade produzida em Portugal provém de centrais térmicas, com rendimentos abaixo dos 40%, é fácil perceber que por cada Km andado nestes carros, com base em energia da nossa rede eléctrica, estaremos a emitir mais do dobro do CO2 que emitiríamos se andássemos num carro convencional a gasolina ou a gasóleo.
Onde estes carros circularem, teremos um ar todo "limpinho", à custa de mais do dobro da poluição em Sines, Setúbal ou Abrantes.
Deixo aqui uma referência ao acaso:
"Power plants burn a third of the fuel in the world. They account for a third of the CO2, therefore, released from the burning of fossil fuel. In my own country they release two thirds of the sulphur oxides and a third of the nitrogen oxides. What's more, every unit of electricity you save at the point of use saves typically three or four units of fuel, namely coal at the power plant. And in socialist or developing countries that ratio is more like five or six to one.", retirado de http://www.ccnr.org/amory.html

O carro eléctrico, no panorama actual, é uma fraude. Teremos provavelmente ainda muitos anos pela frente antes de podermos ter electricidade mais limpa do que o combustível fóssil queimado directamente no motor do carro.
Só não percebo se este projecto é fruto de ignorância ou é mesmo um caso grave de venda da banha da cobra.
ZM

5 comments:

CAP CRÉUS 11/23/2008 10:15 da manhã  

Acho que a resposta está dada!

Anónimo,  11/26/2008 12:14 da tarde  

A gasolina e o gasoleo, para aparecer no deposito do carro não nasce das árvores

Zé Maria 11/26/2008 12:43 da tarde  

Anónimo, não se se percebo o que queres dizer com este comentário. O que, com toda a certeza, no panorama actual, não nasce nas árvores é a electricidade. Ora, a maior parte dela, nasce em centrais térmicas, que são alimentadas com carvão, gás natural e fuel, que por sua vez também não nascem nas árvores. Como o rendimento das centrais é da ordem dos 40% ou menos, quando fazes um carro andar a electricidade, consumiste algures mais combustível fóssil do que se o tivesses alimentado com gasolina ou gasóleo. Como a base da nossa produção eléctrica ainda é feita com carvão, a contribuição em termos de emissões de CO2 é brutal.
A única coisa que poupas é o ar das cidades, mas à custa de muito mais emissões de CO2 noutros lugares do país.
ZM

lagarto 12/13/2008 2:18 da tarde  

É triste perceber a ignorãncia generalizada dos "nossos todo- poderosos": falam mas, não percebem o q dizem! Assim, como quem estuda e não aprende... assim, como aquele q repete sem saber porquê...

Pois, muitos destes "senhores" precisavam de uma formação um pouco mais aprofundada (não se pode falar de couves ou batatas, se nunca se plantou nenhuma). É preciso saber fazer, para se saber mandar fazer.

Infelizmente, nos poleiros do poder ninguém sabe fazer, ninguém sabe mandar! Criam-se soluções, sem olhar a consequências. A IGNORÂNCIA e a INCAPACIDADE é mesmo latente!

A meu ver, precisamos urgentemente de anti-corpos adequados a estes vírus...

Anónimo,  12/15/2008 9:27 da tarde  

Bom post!!

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