Regata Inter Cidades II
>> domingo, abril 25, 2010
A segunda parte desta aventura não tem imagens, excepto as que ficaram marcadas na minha memória, mas essas só posso tentar partilhá-las por intermédio da escrita.
Penso que foram 11 os barcos que fizeram a primeira perna da regata (Angra-Praia). Desses, por motivos diversos, apenas 4 alinharam à partida da segunda perna (Praia-Angra). Tive a sorte de ser tripulante num deles, o mesmo de ontem, o Tamarin. Os outros 3 participantes desta perna foram o Vouga, o Milhafre e o Pollux. Desta vez, como o tempo estava mais complicado do que ontem (muito mais complicado, como veremos adiante), partimos calmamente e teremos sido os últimos a cruzar a linha de partida. Enquanto nos íamos afastando da marina da Praia, o mar ia ficando mais grosso e o vento mais intenso. Fizemos boa parte do percurso à bolina, com ondas muito grandes e chapada de água por todo o deck com frequência. Pessoalmente, nunca me tinha visto num assado daqueles, mas posso dizer que fiz parte da metade da tripulação que não virou a marmita, embora neste momento ainda sinta a cadeira onde estou sentado a navegar sobre mar picado. Quando já tínhamos percorrido cerca de 10 milhas das 12 da regata, a genoa não aguentou mais a porrada e cedeu de cima a baixo. Entretanto já havia 2 tripulantes em relativo mau estado de enjoo, pelo que deitámos a toalha ao chão e metemos "vento do porão" (motor). Nessa altura, apesar de estarmos em último lugar, já tínhamos o terceiro garantido porque entretanto um dos barcos (penso que terá sido o Pollux) já tinha igualmente rasgado pano e tinha saído da regata.
O mar açoriano deu um ar da sua graça e para mim, que sou marinheiro de água doce, estava verdadeiramente impressionante.
Segundo as previsões, as ondas estavam de 3 metros, eu não sei avaliar se acertaram ou não. O que posso garantir é que quando o barco saltava do alto de uma daquelas ondas para o vale que fica entre elas e entrava na seguinte, molhando todo o deck, era uma verdadeira emoção. O mar e o céu carregados de cinzento, muito vento, o barco aos saltos. Foi fabuloso.
Felizmente decidi não embarcar com a máquina fotográfica, porque ela não tinha chegado viva ao final da viagem.
Agora vou tomar banho porque estou salgado dos pés à cabeça.