Um barbeiro em Cacilhas
>> quinta-feira, maio 29, 2008
Tive um senhorio, quando morei em Magoito, que gostava muito de conversar. Sempre que o encontrava, já sabia que tinha pelo menos uma hora de histórias para ouvir.
É daquelas pessoas que encadeiam as histórias umas nas outras e se não forem conduzidos nunca chegam ao fim de nenhuma.
Ora, eu, que adoro small talk, sobretudo na vertente de ouvinte e, sendo o quarto de cinco irmãos, fui muito habituado a manter uma atenção polivalente à mesa do jantar, não deixava nenhuma história perdida, lembrando-o sempre de onde ia na história anterior até desembrulhar a totalidade do novelo.
Uma das inúmeras histórias que contava repetidamente era a de um indivíduo que morava algures em Lisboa e tinha ao pé de casa um barbeiro que lhe fazia a barba por 3 tostões (por hipótese). Acontece que havia um outro barbeiro em Cacilhas que lhe fazia a barba por 2 tostões e o tal indivíduo gabava-se de ir fazer a barba a Cacilhas por ser mais barato. Retorquiam-lhe então que acabava por sair mais caro, se tivéssemos em conta os 2 tostões do bilhete do barco (ida e volta).
- Pois é - dizia o homem -, mas eu prefiro ir a Cacilhas porque sempre faço a viagem no barco e pelo menos não estou a dar dinheiro a uma pessoa que, de alguma forma, me está a roubar.
Lembrei-me desta história a propósito dos preços dos combustíveis.
Se as grandes distribuidoras vendem entre 5 e 10 cêntimos acima de outras que encontramos por aí, porque raio havemos de continuar a alimentar gatunagem?
Eu já tomei essa decisão há algum tempo e tenho conseguido cumprir. Com a ajuda do site www.maisgasolina.com encontrei as bombas mais baratas da minha zona e vou sempre lá. É verdade que às vezes dá algum trabalho, mas acho que é uma luta que vale a pena ser travada. Só assim poderemos fazer funcionar as leis do mercado.
Tenho pena dos proprietários dos postos, mas neste momento não temos outra alternativa.
Eu vou fazer a barba a Cacilhas. E vocês?