A propósito deste monumento ao toiro bravo, relativamente ao qual me abstenho de tecer qualquer consideração, vem hoje publicado no União um texto que ilustra bem o que algumas pessoas pensam que é o papel das mulheres (e também dos homens) na sociedade Açoriana. Claramente, não sou deste filme...
Os toiros da Carreirinha, por Caetano Tomaz:
"Calma! Não os vou criticar. Muito pelo contrário. Embora eles tenham umas dimensões de que algumas pessoas discordam, penso que têm imenso valor e significado.
Quanto ao valor, concordo com os que dizem que este monumento se tornará um centro de interesse público e de turismo. Imagino que, de futuro, quem vier à Terceira, não deixará de ir ver os “toiros da Carreirinha”. Na verdade, eles são imponentes e significativos.
Há quem diga que são desproporcionais. Mas não concordo. Em questões de monumentos, as dimensões são algo muito relativo. Em grande medida elas dependem da importância da realidade significada. E deve reconhecer-se que a tauromaquia é uma realidade muito importante na população e na vida terceirenses. Isto não quer dizer que todos a vivam sistematicamente. Mas, no seu funcionar, deve reconhecer-se que ela tem uma intensa centralidade.
Mais, o monumento revela grande entusiasmo e capacidades por parte daqueles que fizeram com que ele existisse. É justo realçar o Dr. Arlindo Teles. Nota-se que é um líder de proporções únicas.
Como valor podemos admirar a grandiosidade e a imponência dos toiros, bem como a sua magnífica impressão de movimento. Na realidade, a meu ver, qualquer daqueles “bichos” traduz admiravelmente a cinestesia (movimento) da sua função no conjunto e… na vida daqueles animais…Penso que o artista, e os artistas, foram mesmo felizes.
Bem, importa não menosprezar os “aficionados” que estiveram e estão por detrás da atmosfera que ficará a marcar o psiquismo e a arte duma Terceira, e a sua paixão pela “festa brava”.
Já não sei o que dizer acerca das futuras gerações “amorfas” que vêm aí, mesmo atrás de nós. São “outra” gente que tende a ser “contra” as gerações adultas de agora. E não capta os seus valores.
Sob o ponto de vista psicológico, o significado daqueles toiros pode ser apreciado em sentidos muito profundos. É que há mulheres (não sei se algum homem também) que têm medo deles, em especial do touro que está levantado. E, já agora, dos seus testículos. Enquanto que há outras que vibram perante a força desses animais…
Tolice?... Não, não é….Trata-se de realidades psicológicas muito significativas.
Desde a altíssima antiguidade, o toiro era símbolo perfeito da masculinidade: a sua “virilidade” a sua força, o seu impulso, o seu “machismo”…A partir daí, os cornos tornaram-se símbolo da força masculina. Até eram usados por certos chefes, como símbolo de força e poder.
A partir daí é interessante notar o significado “tremendo” da expressão, “meter os cornos ao homem”. Por que será? Porque ele não os tem. Isto quer dizer que é fraco. Sim, fraco sob o ponto de vista psicológico. As mulheres não apreciam esses homens. E desiludem-se deles. Pois são normalmente essas que lhos põem…E o caso é hoje muito mais frequente porque elas promoveram-se, enquanto eles são uns “coitadinhos” que não vencem os desafios normais da escola, do trabalho e da vida. São crianças grandes… que brincam…
Quem não percebe estes dinamismos diz: ah, coitadinho, ele era tão bonzinho, e “aquela”…meteu-lhos… Pois é mesmo isso. Elas não os metem a um que seja verdadeiramente homem no seu trabalho, na sua energia, na sua segurança. E até na sua independência equilibrada.
Mais, aqui na Terceira, há muitas mulheres novas que sonham com toiros. Nos outros sítios não é assim. Essas mulheres têm dois tipos de sonhos. Umas correm diante do toiro, fogem, mas ele não lhes mete medo. Às vezes até ri para elas. Estes são sonhos de mulheres que, na infância, tiveram uma figura masculina válida. Normalmente um pai. Já agora pense-se no que significa na Terceira,“o toiro das mulheres…”
Outras têm muito medo dele, que nunca as atinge; elas fogem por cima de paredes, sebes, casas, sempre com medo. São as que, na infância, não tiveram o tal homem.
Seria interessante pesquisar acerca dos sonhos de mulheres relativamente aos toiros da Carreirinha. Pode até dar-se o caso de eles não acontecerem. Mas penso que acabarão por acontecer.
Sei que haverá quem julgue que isto são imaginações minhas. Porém, reparem a sério, e talvez consigam ver realidades que estão aí, diante dos nossos olhos, mas nunca notámos…
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