Morreu hoje, há pouco, o escritor de quem li mais livros em toda a minha vida. Este dia havia de chegar. Chegou hoje. Morreu José Saramago.
Tal como o Rui Vasco, já percebi que muita gente parece alegrar-se com a partida deste grande escritor português. Somo à tristeza da perda a tristeza de cada vez me identificar menos com tanta estupidez à solta.
Conheci o autor pelo Memorial do Convento, algures no início da década de 80. Adorei o livro e é daqueles que tenciono voltar a ler. Tive uma gata chamada Blimunda, que teve um triste fim, e tenho ainda um Baltazar, já velhote. O outro chama-se Zorbas (Sepúlveda e o seu gato que ensinava gaivotas a voar).
Depois, lembro-me de ler tudo o que apanhei pelo caminho, nomeadamente:
- Levantado do Chão, que adorei e que seguramente contribuiu para me empurrar para a esquerda, politicamente
- O Ano Da Morte De Ricardo Reis
- Jangada de Pedra
- Todos os Nomes
- O Evangelho Segundo Jesus Cristo
- Ensaio Sobre a Cegueira
- A Viagem do Elefante
- Caim
Faltam-me ainda alguns, que espero ler entretanto. Houve um único que tentei ler e não me agarrou:
História do Cerco de Lisboa.
Também é verdade que me surpreendia a arrogância do discurso e a falta de flexibilidade do pensamento no autor daqueles livros, mas isso interessa-me pouco. Interessam-me os livros e com ele morto não haverá mais. Disso tenho pena.
Encontro em dois autores actuais e bem vivos, contágio do estilo Saramago, já falei de ambos neste espaço: José Luís Peixoto e Valter Hugo Mãe.
Morreu o autor, vivam os livros.
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