Raúl Hestnes Ferreira

>> domingo, fevereiro 05, 2006

Já há algum tempo que queria ter ido ver com os meus olhos o "novo" edifício do ISCTE, projectado por Raúl Hestnes Ferreira. Na Sexta-feira passada tive essa oportunidade e dei lá um salto.

Julgava que já estava patente a exposição sobre este arquitecto, que afinal só vai ter início no dia 7 de Fevereiro.

Estas rampas que se encontram no grande volume de entrada deste edifício são absolutamente poéticas. O fluxo de pessoas entre pisos sugerido por estes planos é surpreendente e muito, muito belo.

São pontes que ligam os vários pisos, numa teia de colunas, e rampas que atravessam aquele imenso espaço, de uma forma impressionante.

Na ligação com a parte antiga (julgo que igualmente projectada por Hestnes Ferreira) atravessamos um túnel, com um rasgão mais baixo do que os nossos olhos. Baixando um pouco o ângulo de visão, temos esta vista magnífica sobre o resto do edifício, entrincheirada pelo tal rasgão. É um detalhe que escapa à maioria dos habitantes daquele espaço.

No edifício fronteiro, as rampas marcam também presença. Vêem-se simultaneamente os reflexos do novo edifício e as rampas interiores deste. É de uma beleza indescritível.

As pequeninas janelas, alinhadas de forma ordenada, com as suas pálpebras de betão, conferem um ritmo fantástico à fachada.

Uma imagem mais geral das mesmas janelas de há pouco, onde se pode apreciar o imenso pátio que os edifícios criaram.

A lente com que registei estas imagens é de uma compacta digital. Embora cheias de distorção e perspectiva, as fotos permitem apreciar a beleza deste corpo mais recente.

No dia 7 de Fevereiro vai começar uma exposição sobre a obra de Raúl Hestnes Ferreira, que durará até Abril. Penso que o local da exposição é justamente este edifício. Passem por lá e matam 2 coelhos de uma cajadada: ficam a conhecer toda a obra deste notável arquitecto e apreciam ao vivo este projecto tão interessante.

Para mais informações: http://www.iscte.pt/

Boa semana.

ZM

7 comments:

Anónimo,  2/06/2006 1:35 da tarde  

Gosto bastante de te ler e tens trazido sempre assuntos muito interessantes. O post em que descreves a Casa do Cipreste e o Palácio de Monserrate estão de encantar. Porém, quanto ao edifício objecto deste post, não sei bem onde lhe vês poesia. São formas de olhar e ver. Eu não gosto, acho um edifício "pesadão", mais parecendo uma cadeia. Nota bem, de arquitectura nada entendo e nem sei se arquitectonicamente ele é bem ou mal concebido. Só sei que a minha "alma arquitecta" em nada se identifica com este género de construção. Falta-lhe leveza, no meu humilde apreciar. Cumprimentos e bons posts.

AM 2/06/2006 6:12 da tarde  

venho do link do daniel
apenas uma nota para confirmar uma informação que tinha ficado em "suspenso" no seu texto: os edifícios do ISCTE, são todos do mesmo autor RHF
obrigado pela informação quanto ao adiamento da exposição, lá iremos :)

Anónimo,  2/06/2006 10:53 da tarde  

Esta obra é realmente muito interessante e penso que se torna ainda mais interessante a sua íntima relação com o velho edifício, projectado tb por Hestnes Ferreira vejamos que existe um intervalo de cerca de 25 anos entre estes dois projectos e são visíveis o aprimorar dos gestos deste arquitecto, transpondo para este novo edifício muitos mais dos tiques e jogos que são referencia da sua relação passada com Louis Kahn com quem trabalhou. Este é um edifício que se torna mais apaixonante quanto mais for o tempo passado nele e sentindo todos os pormenores e jogos de luz presentes nele. Com isto remato dizendo que tem sido com muito prazer que tenho estudado no curso de arquitectura neste mesmo edifício.

andrea 2/07/2006 9:52 da manhã  

tenho que concordar com o primeiro coment)rio, pois eu também acho este edificio muito pesado, mais para além disso demasiado confuso... é atolhado de elementos arquitectonicos, como as rampas, columas e janelas. nao sei se o problema sao mesmo as fotografias que nao deixam perceber bem, mas quanto a mim, este edificio nao respira!

de qualquer maneira a proxima vez que for a Lisboa, vou ve-lo, e assim posso ver com os meus olhos se o que critico tem razao de ser ou nao!
obrigada de qualquer maneira pelo excelente blog!

Anónimo,  2/07/2006 2:56 da tarde  

Enquanto objecto de arte pode ser poético, mas o problema é quando (como eu durante 5 anos) se tem de utilizar o edificio. As salas são assimétricas, a colocação das janelas não foi pensada em função do posicionamento dos quadros, mesas, posição do professor para conseguir olhar de frente uma turma. Existem salas em que além de não se ver nada estão alinhados cerca de 40 alunos em 3 filas de mesas com 10m, com o professor numa das extremidades. A circulação dentro do edificio é caótica quando em pleno funcionamento.
Além de peça de arte este edificio devia ter sido pensado para a funcionalidade a que se destina. No ISCTE circulava a anedota durante uns tempos, que o Paquete de Oliveira passava as noites a mudar as cadeiras nas salas, qual assombração, para contornar o coro de criticas...

Carlos Portugal 2/25/2008 11:43 da tarde  

O edifício é muito bonito e tem um ritmo extraordinário. Mas é o pior edificio para uma Universidade que já conheci, e acreditem que conheço mesmo muitos.
A maioria das salas de aulas não tem nenhuma esquina com 90 graus, o que faz com que a percepção do espaço e do equilíbrio intelectual fiquem afectadas. Alunos e professores sentem-se altamente desconfortáveis e até com tonturas naqueles espaços assimétricos.
A reverberação sonora das salas de aula é tremenda. É inacreditável como num espaço onde a 'palavra' é essencial se concebe um autentico monumento ao eco, produzindo fadigas e dores de cabeça a quem frequenta aquelas salas.
A iluminação é inconcebível! Em salas onde se tem de escrever e ler, estamos sempre condenados à luz artificial. Existem salas com 100 e 200 m2 apenas com postigos e janelas minúsculas em cantos longínquos. Há mesmo salas sem qualquer fenestração para o exterior!!
A climatização é aberrante. O ISCTE tem de todo o orçamento na electricidade para tornar sofrível aquelas salas onde se gela de Inverno e se destila no Verão. Digo sofrível, porque nem com o ar condicionado no máximo se consegue ter conforto aceitável.
Em quase todas as salas o único sítio para se colocar o quadro obriga a que este seja visível apenas para metade ou menos dos alunos.
E ainda haveria muito mais para dizer...
Para que serve a Arquitectura, afinal?
Este paradigma de edifício anti-humano e completamente desadequado para o fim a que se destina nao permitiria pensar melhor no que os arquitectos andam a fazer?
Um amigo meu dizia que, para os arquitectos, a humanidade foi criadas para habitar as casas que aqueles iluminados concebem. Nunca o contrário. Será assim?

Anónimo,  8/01/2011 7:00 da tarde  

Tenho que discordar de alguns comentários que considero completamente exagerados. Sou estudante tb neste edifício e nunca senti tais sintomas.. Acho que é uma obra admirável. A circulação, que no inicio pode, à primeira vista, parecer confusa, é surpreendente. As circulações alternativas, a visibilidade, o edifício que todo ele convida às vivências sociais com seus enquadramentos visuais onde sempre estamos ver alguém que sai na sala, que está numa das rapas, que está num pátio.. E as condições em que foi concebido! O primeiro edifício foi feito num mês, senão seriam umas construções pré-fabricadas, o segundo sem espaço nenhum e que ainda assim se conseguiu um edifício todo ele espaçoso (menos uns 2s W.C.s, que são somente a minha critica) e Não sendo tudo o resto que é ISCTE, dependendo só dos edifícios, seria das melhores..

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