Fotos em monumentos

>> quarta-feira, novembro 30, 2005

No post sobre uma visita ao Palácio Real de Sintra, surgiu um comentário - infelizmente anónimo - que diz:
"As fotos não são apenas clandestinas, são antes um desrespeito pelas indicações perfeitamente visíveis à entrada do monumento. è uma vergonha que o tenha feito, mas lá que ficaram boas, isso é evidente."

Eu nunca percebi porque é que em Portugal há tanto esta mania de não deixar fotografar monumentos. Será que acham que por as pessoas verem fotos do interior do Palácio Nacional de Sintra já lá não vão visitá-lo? Eu acho exactamente o oposto, quanto mais se mostrar a beleza daquele monumento (e de outros) mais isso chama visitantes. Por vezes não vamos visitar determinado monumento ou local justamente porque não temos nenhuma ideia do que vamos encontrar. Se me disserem que não devemos utilizar flash porque essa luz pode danificar frescos ou qualquer outra coisa, estou de acordo, agora fotografar sem flash, não vejo nenhuma razão lógica para não o poder fazer.
Eu acho que na maior parte dos casos se trata apenas daquele sentimento tão português de usar arbitrariamente a possibilidade de mandar. Quem inventou esta regra de não se poder fotografar em tantos locais deve ter barriga e bigode e pensou:
- Se os posso proibir de fazer alguma coisa, vou proibir. Não pensem que brincam comigo!
É por estar convencido de que esta proibição é um absurdo que em geral tento desobedecer-lhe. Não me parece que seja uma vergonha.

Bom fim-de-semana prolongado (para os que for caso disso) e fotografem muito. Sobretudo em locais proibidos :-)

ZM

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T. de Lempicka

>> domingo, novembro 27, 2005

No Sábado passado decidimos ir finalmente ver o tão falado T. de Lempicka a Tomar, como fez o Azenhas há tempos. Aproveitámos o pretexto para fazer um calmo passeio até Tomar.
A primeira paragem foi em Santarém, onde visitámos as famosas Portas do Sol, que nos dão esta vista magnífica sobre o Tejo.

No mesmo local fomos brindados com esta medalha de ouro das cores Outonais.

Um pouco adiante fomos dar uma vista de olhos ao Castelo de Almourol. A distância da margem direita do rio à ilha parece-me cada vez mais estreita. Não sei se é aquele fenómeno que aumenta tudo o que temos na memória face à realidade actual ou se é mesmo a erosão e a construção de estruturas que está a sufocar o braço direito do rio naquele local. Actualmente não percebo porque é que não se constroi uma pequena ponte de acesso à ilha. Não teria que ser maior do que a que liga a Torre de Belém a terra, na foz do mesmo rio (como podem constatar na imagem).

Ainda antes de chegarmos a Tomar decidimos passar em Constância, para provarmos os tão falados Queijos do Céu. O sítio onde os comprámos era gerido por mal-encarados, mas de facto os Queijos são uma delícia.




Chegados a Tomar, fomos ao Convento saber quando poderíamos recolher os bilhetes que tínhamos reservado no site do Fatias de Cá. Como faltava algum tempo para se iniciar o Arrivo, fomos até ao largo da igreja, que é sempre agradável de visitar.

Quando chegámos de novo ao Convento de Cristo, já o Arrivo estava quase no final. Fomos o penúltimo casal a receber o passaporte. Este é entregue individualmente a cada pessoa, depois de uma breve explicação das regras para assistir à peça, que de resto estão escritas no passaporte que somos aconselhados a ler com atenção. A entrega é feita com a pessoa sentada frente a uma senhora com um certo ar inquisitivo. Começa-se aqui a entrar no ambiente da peça.
Depois seguimos o mordomo Dante Fenzo, que nos leva à presença do Aldo Finzi, um camisa negra com ar de quem nos vai comer ao pequeno-almoço, que terá que nos carimbar o passaporte para sermos admitidos no Il Vitorialle, onde decorre a acção. Finzi, é verdadeiramente atemorizador. Carimba os passaporte como que mata coelhos e quando se dirige a alguém é com um vozeirão capaz de fazer tremer o mais audaz. Quando chegamos à sua presença, depois de muito tempo na fila, somos encandeados com uma luz amarela e ficamos à espera que a sua arbitrariedade nos atinja... ou não. A minha mulher levou um imenso raspanete por ter assinado o passaporte, mas a mim não ligou nenhuma e eu tinha feito o mesmo. De resto gabo-lhe o gosto. Se fosse eu também me metia com ela :-)
Passada esta prova estamos todos finalmente na mesma sala e a peça começa sem darmos por isso.
Estamos no Il Vitorialle, o palácio de Gabriele d'Annunzio, no dia 10 de Janeiro de 1927. Tamara de Lempicka é uma expatriada polaca, aristocrata e pintora, convidada por d'Annunzio para lhe pintar um retrato. Cedo descobre que o que ele quer não é bem isso.

Logo no início somos separados em quatro grupos. Cada grupo segue uma personagem. A forma como assistimos a esta peça é surpreendente. Quem vá ver a T. de Lempicka a pensar que vai fazer uma visita nocturna ao Convento de Cristo pode tirar daí a ideia. Ao fim de pouco tempo estamos de tal forma envolvidos que nos esquecemos por completo de onde estamos e passamos a sentir-nos verdadeiramente no Il Vitorialle.

As pessoas que vão juntas têm toda a vantagem em se separarem assim que for possível, passando a seguir personagens diferentes. Têm deste modo duas visões da história. Como as coisas estão a acontecer independentemente de estarmos lá ou não, ficamos com a sensação realista de estarmos mesmo a seguir um dos intervenientes de uma história que está mesmo a acontecer. Isso torna-se inebriante. Sabemos que temos que seguir uma personagem (ou várias ao longo da peça, se assim o entendermos), mas por vezes levamos literalmente com a porta na cara e temos que ficar onde estávamos, perdendo essa personagem.

Torna-se necessário tomar decisões. Ou esperamos que a personagem que seguiamos volte a entrar naquela sala ou seguimos outra, na esperança de voltarmos a cruzar-nos com a inicial e retomarmos aquele fio da narrativa.

À hora do jantar, toda a gente fala com toda a gente contando pormenores que só alguns viram. Somos verdadeiros espiões a tentar deslindar quem é quem e quais as suas reais motivações. Não vou adiantar pormenores porque estragaria o gozo de futuros visitantes desta aventura.

A cena final é tão real que, quando dei por isso, já tinha perdido de vista o meu personagem. De resto toda a gente ficou congelada com a tensão da cena e, quando as luzes se apagaram, percebemos que já muitos tinhamos perdido a personagem e estávamos no fim da peça. A tensão explodiu num merecido e intenso aplauso, que a mim, para variar, me arrancou algumas lágrimas de emoção.
No final aínda temos direito a uma fatia de Tomar (deliciosa por sinal) e outra sobremesa de chocolate, bem como mais um cálice de Porto. Finalmente os actores vão entrando, já despidos da personagem. Cada um teve direito aos seus aplausos e deu para perceber que toda a gente estava muito agradada com a experiência que tinhamos acabado de partilhar.
Algumas notas finais:
1 - O preço total é 25 Euros. Considerando o aperitivo, o jantar e a sobremesa final, digamos que a peça é de borla.
2 - Há personagens que se movem muito durante a peça e outras que quase não saem do mesmo local. Quem pretenda subir e descer muitas escadas e estar sempre a saltar de um lado para o outro, deverá seguir um dos criados ou o tenebroso Finzi dos carimbos. Quem preferir um pouco mais de calma deverá optar pelo Spiga ou pelo d'Annunzio.
3 - Vão em grupo e separem-se logo na primeira sala. Assim que começar a peça afastem-se uns dos outros. Desta forma, quando os grupos forem feitos já estarão separados. Acabarão por se cruzar inúmeras vezes ao longo da peça e isso é muito divertido. Entrarão em salas onde já está alguém do grupo e trocarão breves informações.
4 - Tentem seguir sempre a mesma personagem, embora isso por vezes seja impossível porque nos fecham a porta. Nessas alturas tomem uma decisão e voltarão a encontrar a vossa personagem rapidamente.
5 - Informações e reservas no site do Fatias de Cá.

Passem por lá e divirtam-se tanto quanto eu me diverti.

ZM

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Radar

>> quarta-feira, novembro 23, 2005

Hoje trago mais uma proposta "cultural".
Cá em casa somos viciados em rádio. Mesmo quando não está ninguém em casa, a telefonia toca para os gatos. Só se cala mesmo durante a noite.
Um dos postos favoritos é a TSF, sobretudo por falta de alternativa. Dantes tínhamos a Voxx, mas chegava à nosso zona em péssimas condições e a programação era por vezes tão maçadora como os inúmeros fóruns da TSF.
De há uns tempos a esta parte, começámos a ouvir no carro a Radar. Este posto foi, pouco a pouco, conquistando o seu lugar e há dias descobri que nos nossos vetustos aparelhos de selecção por rodinha e ponteiro conseguíamos apanhar a Radar dentro de casa! De marcador em punho, marquei com muito rigor o alegre lugar do ponteiro, para não voltar a perde-lo.
A Radar é dirigida aos que foram adolescentes (tardios, no meu caso), na década de 80. É uma delícia ouvir na rádio as mesmas músicas que temos nos CD's.
Importante: é em 97.8MHz e emite com potência suficiente para chegar a Sintra em condições.
Se for caso disso, passem por lá e depois digam qualquer coisa.
ZM

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Lisboa inspiradora

>> segunda-feira, novembro 21, 2005

Hoje trago duas pistas que se juntaram neste fim-de-semana:

A primeira é um romance de Robert Wilson, chamado "A companhia de estranhos", que se passa parcialmente em Lisboa e na costa do Estoril, durante o período louco do final da Segunda Grande Guerra. Por vezes faz lembrar a maluqueira que é o "Uma noite em Lisboa" do Erich Maria Remarque. A história decorre em três períodos de tempo distintos, entre 1944 e 1991 e, na parte que se passa em Portugal, percorre a cidade de Lisboa, sobretudo a Estrela e a Lapa, a zona do Estoril, Cabo da Roca, o próprio palácio de Monserrate, uma quinta no Pé da Serra, etc. Fala-se do fado e da forma como os portugueses vivem a ditadura e a guerra. É daqueles livros escritos em tom de guião de cinema, que não conseguimos largar e onde esperamos no final um ecrã a dizer Dolby Stereo. Um dos melhores romances que li em toda a vida. Recomendo vivamente.

A segunda é a reedição em CD do espantoso álbum de Durutti Column "Amigos em Portugal". O meu grande amigo Soutelinho, de visita à FNAC, trouxe-me esta pérola perdida da música dos anos 80 (primeira edição em 1983). Apetece ouvir sem parar.

Se for caso disso, aproveitem o subsídio de Natal, que está aí à porta, passem na FNAC e adquiram ambos (desta vez não tenho comissão). Depois fechem-se em casa, que o tempo não convida a grandes passeatas, acendam a lareira, coloquem o "Amigos em Portugal" no toca-CD's em modo repeat, enrosquem-se no sofá e mergulhem na vida de Andrea Aspinal e Karl Voss. Se forem como eu, juntem ao pacote uns lencinhos de papel. Acreditem que vão dar jeito.

Cuidado, tanto o livro como o CD são viciantes.

Quando terminarem digam-me qualquer coisa.

ZM

Para mais informações sobre Durutti Column, aqui ficam 2 links:
http://www.column.freeuk.com/index.htm
http://users.rcn.com/rpsweb/durutti-column/

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S/T

>> quinta-feira, novembro 17, 2005

"Como eu gostaria de ser negro e ter no sangue esta estranha, alegre melancolia, que é como uma onda que tudo arrasta e leva, esse grosso riso de vidro, estas mãos de duas cores como o voo dos pombos (...)"
António Lobo Antunes (na altura com apenas 28 anos), in D’este viver aqui neste papel descripto, cartas enviadas de Angola para a mulher, que será lançado amanhã.
ZM

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Eva Luna

>> quarta-feira, novembro 16, 2005

A Eva fez esta noite uma Lua. Esta é a primeira Lua Cheia que acontece desde que ela está no mundo. Dedico-lhe esta fotografia tirada em Leião, ontem ao final do dia.

Foto by zm
Nikon Coolpix 5400
1/8 - F4.4 - f21.1mm - ISO100
Levels - Brightness - Crop - USM

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Manuel Graça Dias

>> terça-feira, novembro 15, 2005

O arquitecto Manuel Graça Dias é um dos responsáveis pelo meu grande interesse na arquitectura. Conheci-o na rubrica "imagens", da TSF, há muitos anos. Era um magazine diário que abordava temas como banda desenhada, publicidade, arquitectura, etc. A parte de arquitectura era da responsabilidade de MGC, "o homem que gostava de cidades". Eu, que até nem gosto de viver em cidades, passei a vê-las com outros olhos, com a ajuda que me dava este arquitecto.
Tenho seguido, desde então, com grande interesse as suas produções teóricas sobre arquitectura e embora nem sempre concordando, no essencial adoro os caminhos que as suas ideias abrem à reflexão. É um dos meus teóricos favoritos nesta matéria.
Trabalha em parceria com Egas José Vieira no gabinete Contemporânea.
Quando me mudei para Nafarros descobri aquilo que me parecia um pavilhão/atelier, que apenas se vê em relances, por estar um pouco enterrado numa encosta, que achei fascinante naquilo que deixava entrever. Descobri com grande surpresa e, porque não, alegria, que tinha sido projectado por Manuel Graça Dias. Parece que o cliente era Julião Sarmento propriamente dito. O tal pavilhão chama-se "Casa do Guarda" e fica a um tiro de pedra da minha casa:

Um dia desses tiro algumas fotos da coisa ou peço uma visita de estudo e depois volto a falar-vos do assunto. Parece-me um pequeno apartamento fantástico.

Manuel Graça Dias é autor de inúmeros projectos conhecidos, uns construidos como o Teatro Azul de Almada (um dos mais magníficos exemplares deste tipo de equipamento que alguma vez vi) ou a sede da Ordem dos Arquitectos, nos Banhos de São Paulo; outros apenas no papel, como a Manhattan de Cacilhas ou a sede do Jornal Expresso projectada para a Gago Coutinho.


O site da Contemporânea esteve muito tempo "em obras", mas aparece agora renovado, mostrando que valeu a pena esperar. Uma das surpresas são os projectos de moradias apresentados para o Bom Sucesso, em Óbidos. Já conheço o projecto Bom Sucesso há algum tempo, e quando soube que MGD iria apresentar um projecto para lá fiquei ansioso. Finalmente vê a luz do dia e vejo que tinha razões para esperar algo surpreendente. Que tal uma casa redonda, com a piscina na cobertura? Uma ideia invulgar, mas muito interessante. Aqui ficam algumas imagens que poderão encontrar no site da Contemporânea:




Se há área em que temos excelentes profissionais e criativos em Portugal é na arquitectura. É verdade que conheço 1000 vezes melhor a arquitectura nacional (por questões de proximidade com os projectos construídos) do que a do resto do mundo, mas julgo que a qualidade dos nossos melhores arquitectos, como se mostra neste exemplo, não permite vergonha seja onde for.

Sigam as pistas e passem por lá.

ZM

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Uma bela sacola

>> sexta-feira, novembro 11, 2005

Esta é a amorosa sacola que a Tintas e Trapos produziu para a Madalena.
As fotos foram feitas na Moda Nafarros

A sweat shirt é do Luís Buchinho, os sapatos são do Tenente.
A colorida sacola é da designer e artesã Luísa Lourenço a quem agradecemos do fundo do coração.
É das mais bonitas peças que vimos desta designer.
A modelo é a Madalena, da Central Models.
Obrigado.
ZM

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Viagens na minha terra

>> domingo, novembro 06, 2005

No Sábado passado aproveitámos o Sol e fomos dar um curto passeio para ver o mar. Parámos o carro na Praia Grande e começámos por subir a escada a Sul, para darmos uma espreitadela às pegadas de dinossauros. Não tenho a certeza absoluta de serem as que a foto ilustra, mas estas pareciam mesmo uma sequência de passos. Estou desconfiado que o bicho calçava mais que 45 biqueira larga.

Chegados ao topo da imensa escadaria, parámos para recuperar o fôlego. A vista para o lado Norte da praia estava magnífica.

Seguimos o caminho marcado, que vai até à praia da Adraga. Já perto desta registámos esta imagem do penedo da Noiva, na praia da Ursa, visto do lado Norte. Esta costa tem um ambiente poderoso e mágico.

Chegados à praia da Adraga, subimos pelo outro lado, e fomos espreitar a gruta junto à pedra de Alvidrar. Depois seguimos na direcção de Almoçageme. Andámos por ali a tentar regressar à praia Grande por outro caminho, mas acabámos por voltar ao mesmo percurso. Pelo meio fotografámos este campo cultivado.


Regressámos à praia Grande descendo de novo a escada. Parámos por lá a recuperar energias e seguimos de carro na direcção de Janas, onde tínhamos umas compras para fazer na recomendável Mercearia D'Aldeia. Pelo caminho, aproveitámos as excelentes condições de luz e recolhemos mais estas duas imagens do por do Sol das Azenhas do Mar. Um dos mais belos locais do mundo.



Não é preciso ir muito longe para ver paisagens de encantar. Nestes dias de Outono a costa de Sintra vale bem o esforço de um passeio a pé.

Passem por cá.

ZM

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Revista Linha

>> sábado, novembro 05, 2005

Quem me lê regularmente já percebeu que um dos meus vícios é o Expresso de cada Sábado. Sem ele os fins-de-semana não seriam iguais. É com um intenso prazer que percorro os inúmeros cadernos, fazendo a triagem daquilo que vai directo para a reciclagem e do que coloco na pilha religiosamente para ir sorvendo ao longo da semana, quase sempre à hora do pequeno-almoço. Aliás aproveito para aconselhar o Expresso a fazer 2 edições, a dos que lêem publicidade e a dos que, como eu, jamais lhe tocam. Nesta época pré-natalícia poupavam toneladas de papel cada semana.
Esta semana, no entanto, havia um caderno extra que me enche de alegria. Trata-se da revista de arquitectura e design linha, cuja periodicidade não entendi ainda, mas que aparece de surpresa no meio dos outros cadernos todos, como um prémio de fidelidade. O número desta semana é seguramente o mais bem conseguido de todos até agora. Os projectos divulgados são do melhor que se faz em termos de arquitectura em Portugal.

Um deles é a "Casa de Cantelães", do Professor Júlio Machado Vaz, cujo projecto é do seu próprio filho Guilherme Machado Vaz. É um projecto magnífico, que apetece conhecer melhor. Já tinha visto algumas fotos desta casa no blog do Professor, o Murcon. A encerrar a revista vem um texto do próprio Júlio Machado Vaz, que é uma delícia. Foi também publicado no Murcon.
Outro dos projectos apresentados é a Casa de Alvite, do arquitecto Álvaro Siza Vieira, filho do outro Siza Vieira, que todos conhecemos.

Neste caso bem se pode dizer que filho de peixe sabe nadar. Este projecto é de uma beleza e de uma originalidade estonteantes. É uma casa que é toda ela uma escada gigante, que contém outra escada no seu interior e outra sobreposta a esta, na cobertura. É uma espécie de fractal arquitectónico, em betão, com volumes em socalco por uma encosta abaixo aos trambolhões, mas com vãos orientados de forma a que do interior se avistem, de degrau em degrau, as sucessivas paisagens que a circundam. "Na base desta cascata de betão, um último volume esvazia-se e assume a função de tanque (piscina)" (texto do artigo). Não tenho dúvidas de que este projecto ainda vai dar muito que falar. A este arquitecto corre-lhe talento nas veias.
O Expresso esta semana tem ainda, no caderno Espaços & Casas, uma curta abordagem a uma casa muito interessante, que foi construída aqui bem perto de onde moro. Trata-se da Casa do Alto, de Frederico Valsassina, no Banzão. É um projecto muito Mies Van Der Rohe, de uma beleza impressionante, perfeitamente integrado no pinhal e que aparece numa das reportagens fotográficas dos irmãos Sérgio e Fernando Guerra, cujo link tem estado sempre aqui nos links do Arrumário. Já tive o imenso prazer de ver esta casa ao vivo e posso garantir que é tão bela quanto os Guerra a apresentam.
Para quem gosta de arquitectura, nada melhor do que um semanário cujo director é (ainda) um arquitecto.
Boa semana.

ZM

PS: O Arrumário está de férias, por isso é que isto tem sido uma balda.

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